Lei da Evolução é o nome utilizado com mais freqüência hoje em dia pelos adeptos e estudiosos do espiritismo para se referir à Lei do Progresso, uma das dez “Leis Morais” a que alude Allan Kardec na Parte Terceira de O Livro dos Espíritos.
Segundo esse princípio, tudo o que existe está em contínua evolução, o Universo, os mundos e os seres, tanto os animados quanto os inanimados, isoladamente ou em conjunto.
A Lei da Evolução é intimamente relacionada à Lei de causa e efeito e à Lei da Reencarnação, sendo essencial o entendimento das três leis para compreensão do todo.
A Evolução do Espírito e a Pluralidade das Existências
A Doutrina Espírita chama de “Espírito” ao “princípio inteligente” após alcançar o reino hominal, isto é, após atingir a consciência moral. A Lei da Evolução, aplicada ao Espírito, diz que, através de sucessivas encarnações, o mesmo se auto-aperfeiçoa gradativamente nas dimensões intelectual e moral, deixando sua condição inicial de “simplicidade e ignorância” para se elevar à condição de pureza espiritual.
Evolução e Causalidade
Ensina a Doutrina Espírita que “O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.” .
Sendo o Espírito dotado de livre-arbítrio sobre suas ações e sendo ele responsável pelos seus atos, sempre que o indivíduo (espírito encarnado) pratica uma ação contra a lei de Deus, ele pratica o mal, devendo, portanto, reparar, em oportunidade futura, o mal que cometeu, o que fará tendo que repetir, em piores condições, experiência relacionada àquela onde ele errou, o que é chamado de expiação. Se, por outro lado, ele pratica uma ação conforme à lei de Deus, ele pratica o bem, nada tendo a reparar e credenciando-se a novas experiências que são chamadas de provas. Tal é a expressão da Lei de Causa e Efeito.
Evolução e as Diferentes Categorias de Mundos Habitados
A evolução dos mundos habitados ocorre no mesmo ritmo da dos seres que habitam em cada um deles. Os mundos habitados, segundo o Espiritismo, podem ser classificados do seguinte modo:
· Mundos Primitivos: destinados às primeiras encarnações do Espírito. São os mundos formados há menos tempo. Neles se encontram todos os seres nas suas fases iniciais de progresso.
· Mundos de expiação e provas, onde domina o mal entre os Espíritos. Nesses mundos, algumas espécies animais já demonstram um certo grau de raciocínio e consciência. A exploração dos animais pelo ser humano e o desrespeito à natureza são preponderantes.
· Mundos de regeneração, nos quais os Espíritos que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta. As demais espécies de seres vivos estão mais evoluídas e poucos são os seres humanos que as exploram para o trabalho ou para deles se alimentarem. É maior, também, o respeito pela natureza em geral.
· Mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal. Nesses mundos a exploração das espécies animais pelo ser humano e o desrespeito pela natureza são reduzidos.
· Mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. Todos os outros seres, nestes mundos, encontram-se no seu estágio final de desenvolvimento antes de passarem para o reino seguinte na escala evolutiva. Reinando somente o bem nesses mundos, a harmonia entre todos os seres é total.
A perfeição é a grande meta do Espírito.
Vimos anteriormente que passa ele por várias etapas evolutivas objetivando sempre o progresso, na tentativa de conquistar este estado que chamamos de perfeição.
Mas qual é a característica do homem que já atingiu este estado?
Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade (...) e que, quando consulta sua consciência sobre seus atos, vê que fez todo o bem possível, que não se perdeu na ociosidade e que ninguém tem nada a queixar-se dele.
Tem fé em Deus, na vida futura, possuindo em si de uma maneira desenvolvida o sentimento de amor e caridade e sabe que todas as vicissitudes que enfrenta têm um valor significativo na economia da vida, passando-as por isso com resignação.
Mas como atingir este estado? Dizem os Espíritos que a prática da virtude em detrimento dos nossos vícios, é sem dúvida a forma mais rápida de chegarmos lá.
Alertam ainda na questão 894, de O Livro dos Espíritos, que há virtude sempre que resistimos ao arrastamento de nossos maus pendores, e continuam: a prática da desinteressada caridade.
E na questão 895 da obra citada, afirmam que a maior característica da imperfeição é o interesse pessoal.
A respeito das paixões, os Espíritos nod informam que não são maléficas; o abuso que delas se faz é que causa o mal. Visto assim, deduzimos com o Codificador que, quando dominamos a paixão, ela é útil, quando somos dominados por ela, caímos em excesso e geramos o mal.
Sobre os vícios, o próprio Codificador é quem pergunta: Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? E os Espíritos respondem: Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. (...)
Mas como vencê-lo? Sabemos que esta é das uma tarefa mais difíceis, visto ele estar enraizado em nosso psiquismo, mas, nos alertam os maiores da espiritualidade, que ele é sempre maior quanto maior for a influência das coisas materiais sobre nós, e, como conseqüência, a melhor maneira de vencê-lo é o desprendimento dos bens do mundo.
E respondendo ainda àquela pergunta de como atingirmos o estado da perfeição, Santo Agostinho nos faz lembrar a famosa frase de Sócrates: Conhece-te a ti mesmo, a que nós completamos com a de Jesus: Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.
LEIS
LEI NATURAL
Características: O mesmo que a Lei de Deus. Dividi-se em leis físicas (científicas) e Leis Morais (princípios relativos à conduta humana). Ela regula todos os acontecimentos no universo. São leis eternas, imutáveis, não estão sujeitas ao tempo, nem à circunstância, embora tenham em si o elemento do progresso. É percebida pelas pessoas à medida que crescem consciencialmente. A lei natural indica o que se deve fazer ou deixar de fazer e só são infelizes os que dela se afastam. Para que o homem possa aprofundar-se nas leis de Deus é preciso muitas existências.
Origem e conhecimento da lei natural: Todos podem conhecer a lei de Deus, mas nem todos a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue. A alma compreende a lei de Deus de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido. Na pergunta 621 de O Livro dos Espíritos - Onde está escrita a lei de Deus? Os Espíritos respondem que ela está escrita na consciência do ser. Como ele a esquece e despreza, Deus a lembra através de seus missionários, que são Espíritos superiores que se encarnam na Terra, com a missão de fazer progredir a humanidade. Tal fenômeno faz parte do mecanismo da lei de evolução. O modelo mais perfeito até hoje é Jesus - sublime catalisador da consciência humana. Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor.
Como entender que a lei está escrita em nossa consciência? De acordo com os princípios doutrinários, codificados por Allan Kardec, fomos criados simples e ignorantes, sujeitos ao progresso. Nesse sentido, o Espírito André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, explica-nos que no reino mineral recebemos a atração; no reino vegetal a sensação; no reino animal o instinto; no reino hominal o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão.
Faz-se necessário, agora, que a verdade se torne inteligível para todo mundo, daí porque vieram os Espíritos trazer o ensino claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.
A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende, principalmente, da vontade que se tenha de o praticar. Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz. Não basta que o homem deixe de praticar o mal; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem. Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe.
DIVISÃO DA LEI NATURAL
1) LEI FÍSICA (Científica): A ciência dedica-se a conhecer os fenômenos universais e necessários, usando sempre instrumentos cada vez mais sofisticados. Contudo, ela é impotente para provar os fenômenos metafísicos, tais como a existência de Deus e a imortalidade da alma.
2) LEI MORAL: Estas pertencem à alma e concernem às noções do bem e do mal. Cabe ao Espiritismo desvendá-las. São regras constantes e invariáveis, que emanam de Deus e que têm por finalidade auxiliar o desenvolvimento consciencial do espírito. O espiritismo coloca estas leis numa sequência crescente, tendo como início um ponto a partir do qual elas se desenvolvem. A cada encarnação o espírito as retoma num nível superior, desenvolvendo-as em si próprio, e assim sucessivamente, na direção de um aperfeiçoamento infinito, que significa o alargamento da consciência.
AS DEZ LEIS MORAIS
1. LEI DA ADORAÇÃO
Para o espiritismo a adoração a Deus significa ação constante no bem. Deixa, assim, de ser atitude passiva, para tornar-se ação construtiva no caminho do próximo. Pode, no entanto, ser mistificada pela intenção vaidosa, mas este que assim a pratica, recebe de acordo com a lei de causa e efeito.
A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para ele, a intenção é tudo. Há três coisas que podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer. A prece torna melhor o homem, porquanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. O essencial não é orar muito, mas orar bem. Aquele que pede perdão de suas faltas, só obtém-no mudando de procedimento. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras. Deus abençoa sempre os que fazem o bem, e o melhor meio de honrá-lo consiste em minorar os sofrimentos dos pobres e dos aflitos. A adoração a Deus é o ato da consciência transformado em ação útil a favor do semelhante.
2. LEI DO TRABALHO
O trabalho é lei da natureza, portanto constitui uma necessidade. É meio de desenvolvimento dos potenciais intelectual e moral do espírito. Tem a finalidade de trazer o bem-estar e a felicidade à criatura humana. Toda ocupação útil é trabalho.
O Espírito trabalha, assim como o corpo. Servindo para expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Mesmo neste mundo, o homem que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência, não está isento do trabalho. Deve ser útil aos semelhantes conforme os meios de que disponha.
O repouso é uma lei da Natureza, pois serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria. O limite do trabalho é o das forças e, a esse respeito, Deus deixa inteiramente livre o homem, porém, todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, pois, assim fazendo, transgride a lei de Deus. Devemos também ter o cuidado para não cair no abuso, excedendo as próprias forças, o que configurará suicídio, quando auto-imposto, ou escravização, quando aplicado por outrem. O homem tem direito de repousar na velhice. Não tendo família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei da caridade.
3. LEI DA REPRODUÇÃO
É lei da Natureza a reprodução dos seres vivos, sem o que, o mundo corporal pereceria. Mesmo com a progressão crescente que vemos, a população não chegará a ser excessiva, pois Deus mantém sempre o equilíbrio. É por esta lei que a humanidade se renova e se purifica permitindo ao homem transmitir aos seus descendentes o seu aprendizado, criando a história da humanidade.
Deus concedeu ao homem um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades. Não deve se opor sem necessidade. A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. Mas, os mesmos animais também concorrem para a existência desse equilíbrio, porquanto o instinto de destruição que lhes foi dado faz com que, provendo à própria conservação, obstem ao desenvolvimento excessivo das espécies animais e vegetais de que se alimentam.
A poligamia é lei humana cuja abolição marcou um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade. O casamento representa uma medida para a marcha e progresso da humanidade.
4. LEI DA CONSERVAÇÃO
Por terem que defender a sua vida material — instrumento de evolução do espírito — os homens, seja instintiva seja racionalmente, desenvolvem meios de conservação. A lei da conservação obriga o homem a prover as necessidades do corpo, porque, sem força e saúde, impossível é o trabalho. É natural que o homem procure o bem-estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. A própria Terra oferece meios para a sua sobrevivência, desde que trabalhada com respeito, medida e perícia. Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de o conseguir. Essa a razão porque faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. A Terra produziria sempre o necessário, se com o isso soubesse o homem contentar-se.
5. LEI DA DESTRUIÇÃO
Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. O que chamamos de destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos para:
a) Manutenção do equilíbrio na reprodução;
b) Possibilitar as diversas metamorfoses pelas quais todo o ser vivo deve passar.
Na natureza existem mecanismos reguladores que evitam os excessos que levariam à extinção. A natureza oferece meios de preservação e conservação aos seres vivos, a fim de que a destruição não se dê antes do tempo, prejudicando assim o desenvolvimento do princípio inteligente. Paga alto preço aquele que se excede na destruição da vida, em qualquer nível de manifestação, pois é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades, enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, o faz sem necessidade. Agindo assim terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.
Todo o assassínio é uma agressão à lei da conservação, mas as penas advindas são proporcionais ao ato e à sua intenção, cabendo às leis divinas a avaliação definitiva. O aborto enquadra-se neste princípio.
Um dia, quando os homens estiverem mais esclarecidos, desaparecerá da face da Terra a pena de morte. É preciso abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento. Todos nós seremos punidos naquilo em que houvermos pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi a causa do sofrimento para seus semelhantes virá achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer.
6. LEI DA SOCIEDADE
Deus fez o homem para viver em sociedade. O isolamento absoluto, além de egoísta, é contrário à lei da Natureza, pois que, por instinto, os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente. O homem tem que progredir. Isolado, não é possível. Não pode agradar a Deus uma vida pela qual o homem se condena a não ser útil a ninguém, pois fazer maior soma de bem do que de mal constitui a melhor expiação. Evitando um mal, aquele que se isola cai noutro, pois esquece a lei de amor e caridade. Entretanto, os que fogem do mundo para socorrer os desgraçados, se elevam. Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos gozos materiais e de fazerem o bem, obedecendo à lei do trabalho. Os laços sociais são necessários ao progresso. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.
7. LEI DO PROGRESSO
Quer estejamos encarnados ou desencarnados, todos estaremos sujeitos à lei do progresso. Pensar que possamos retrogradar à sua primitiva condição é negar a lei do progresso.
O Homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas, nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio de contato social. O progresso moral decorre do intelectual, mas nem sempre o segue imediatamente. O progresso intelectual faz compreensível o bem e o mal, e o homem, assim, pode escolher. A moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.
O maior obstáculo do progresso moral é o orgulho e o egoísmo, porquanto o intelectual se efetua sempre. Só a educação poderá reformar os homens que, então, não mais precisarão de leis tão rigorosas.
O Espiritismo contribui para o progresso destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade. Deixando de existir dúvidas sobre a vida futura, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o futuro. Abolindo os preconceitos ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos.
8. LEI DE IGUALDADE
Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um destes viveu mais ou menos tempo, e, conseguintemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus de experiência alcançada e da vontade com que obram. Daí aperfeiçoarem-se uns mais rapidamente do que outros. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar.
A desigualdade social não é lei da Natureza. É obra do homem, e não de Deus. Um dia desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento.
Deus concede a uns as riquezas e o poder, e a outros, a miséria, para experimentá-los de modo diferente. Além disso, como sabemos, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência. As misérias provocam queixas contra a Providência e a riqueza incita a todos os excessos.
9. LEI DA LIBERDADE
Não há no mundo posições em que o homem possa gozar de liberdade absoluta, porquanto todos precisam uns dos outros. A escravidão é contrária à lei de Deus, porque é um abuso da força. Desaparece com o progresso, como gradativamente desaparecerão todos os abusos.
No pensamento, goza o homem de ilimitada liberdade, já que não há como proibi-lo. Pode-se deter o vôo, porém, não aniquilá-lo, mas, perante Deus é responsável pelo seu pensamento. Assim como é livre para obrar, pois dispõe do livre-arbítrio. Sem o livre-arbítrio o homem não teria nem culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar o bem.
A fatalidade, como é entendida, supõe uma decisão prévia e irrevogável. Se tal fosse a ordem das coisas, o homem seria como uma máquina sem vontade. O homem sofre fatalmente todas as vicissitudes da existência que escolheu (prova, expiação ou missão) e todas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, pois de sua vontade depende ceder ou não a essas tendências. No que concerne à morte, é que o homem se acha submetido, em absoluto, à inexorável lei da fatalidade, por isso que não pode escapar à sentença que lhe marca o fim da existência.
10. LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
É a mais importante, porque resume as leis anteriores.
Justiça: O sentimento de justiça está na natureza, porém, é fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento. A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.
Os direitos naturais são os mesmos para todos. O caráter do homem que pratica a justiça em toda a sua pureza é o do verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto pratica também o amor ao próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.
Caridade e amor do próximo: O verdadeiro sentido da palavra caridade é benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas. O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. É certo que ninguém pode devotar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso que Jesus quis nos dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca se procura tomar vingança.
PALAVRA FINAL: CONSCIÊNCIA
Consciência é faculdade de a razão julgar os próprios atos. É nela que estão escritas as leis de Deus que nos levarão fatalmente à felicidade. O maior e mais importante elogio que podemos receber é da nossa consciência, pois é ela quem nos mostra se estamos progredindo em direção à evolução.
Assunto pesquisado por Claudia Martinelli
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