quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Família nos Planos Físicos e Espirituais


A doutrina espírita elucida uma séria de questões acerca da hereditaridade:

"os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai não gera o espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir".

E como podemos definir Família?
Joanna de Ângelis nos diz no livro "S.O.S. Família", que “é grupo de espíritos normalmente necessitados, desajustados, em compromisso inadiável para a reparação, graças à contingência reencarnatória.”

Quando no plano espiritual, despertos para o alcance de nossos erros, das nossas mazelas morais, conscientes dos nossos compromissos que assumimos com os outros e que, na maioria das vezes, falimos, solicitamos aos instrutores espirituais um novo retorno à vida física, carregando as provas necessárias para o nosso ressarcimento, reencontrando assim as almas simpáticas, as almas adversárias que farão parte do mecanismo de aprendizado e abraçando a responsabilidade perante os nossos tutores espirituais, que zelam pelo nosso progresso.

Unidos pelos vínculos familiares, os espíritos possuem relações advindas de outras existências. Há duas possibilidades:
1ª) podem ser espíritos afins, simpáticos entre si, em que é permitida a reencarnação sob o mesmo ambiente doméstico para tarefas prédeterminadas onde se objetiva a evolução dos seres;
2ª) espíritos que de alguma forma ainda possuem rusgas, débitos recíprocos contraídos no passado e que necessitam de ajustes e reparações na atual existência.

Dentro do círculo familiar é que encontraremos o exercício do perdão e do amor. Por intermédio da bênção do esquecimento do passado, espíritos que se odiavam e se digladiavam em existências anteriores, unidos em uma nova encarnação como parentes ,consangüíneos, são obrigados, por uma imposição social e humana, a desenvolver o respeito e afeto recíprocos.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando aborda a relação familiar de Jesus Cristo, esclarece Allan Kardec que há duas espécies de família. Uma delas é chamada de família corporal. A outra é a espiritual.

A FAMÍLIA CORPORAL
Comumente, os espíritos que se encarnam numa mesma família são espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores. Porém, é comum, também, que espíritos separados por antipatias anteriores se encontrem no seio familiar. A relação, neste caso, serve de prova. Superar antigos revezes é o objetivo principal. Os laços, muitas vezes, são rompidos após a experiência vivenciada.

A FAMÍLIA ESPIRITUAL
Os laços espirituais são mais fortes do que os laços determinados pela consanguinidade. A simpatia e a comunhão de pensamentos unem os espíritos, antes, durante e depois da vida física. A identificação dos espíritos, que formam grandes famílias, é duradoura, fortificando-se ainda mais e se perpetuando no mundo dos espíritos, através das diversas migrações da alma. Muito embora ocorram separações providenciais durante a vida física, após o desencarne os espíritos afins se reúnem. Quando encarnam em famílias diferentes podem procurar-se, tornando-se amigos. O inverso ocorre, muitas vezes, entre irmãos de sangue, que, não superando as diferenças, podem expressar sentimentos de hostilidade mútua durante a existência.

A compreensão da vida familiar é muito auxiliada pelas cogitações acerca da reencarnação. Este princípio, elaborado pela doutrina espírita, remete-nos a uma vista de olhos sobre o passado. Meditando sobre ele vamos melhor entendendo porque estamos unidos a essa esposa (e não a outra), a esse filho (e não a outro).

Numa crise familiar, o Espírito Emmanuel alerta-nos para a convocação de médicos, psicólogos, amigos e conselheiros; entretanto, ao desenrolar de obstáculos e provas, ele diz: “O conhecimento da reencarnação exerce encargo de importância por trazer aos interessados novo campo de observações e reflexões, impelindo-os à tolerância, sem a qual a rearmonização acena sempre mais longe. Homem e mulher, usando a chave de semelhante entendimento, passam mecanicamente a reconhecer que é preciso desvincular e renovar sentimentos, mas em bases de compreensão e serenidade, amor e paz”. (Xavier, 1978, p. 54)

Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar.

"Acolhei-os, portanto, como irmãos; auxiliai-os, e depois, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que, a seu turno, poderão salvar outros. - Santo Agostinho. (Paris, 1862.)"

É claro que alguns de nós permaneceremos rebeldes a essas oportunidades de conciliação, de aprendizado, de reajuste e de desenvolvimento afetivo que nós encontramos dentro do Lar, e muitas vezes diante da nossa dificuldade ainda, estacionamos com a nossa dureza de coração, que nos leva a verdadeiros sofrimentos, e quando assim permanecemos é claro que uma nova possibilidade nos será oferecida para podermos vencer a nós mesmos e enfrentar os problemas causados, ou melhor, as dificuldades que não conseguimos superar.

No livro “Leis de Amor”, ainda o benfeitor Emmanuel completa, ao ser indagado sobre de que precisamos para vencer a luta doméstica:

“Devemos revestir-nos de paciência, amor, compreensão, devotamento, bom ânimo e humildade, a fim de aprender a vencer, na luta doméstica.”

Os deveres de cada um de nós, como pais, mães, filhos e irmãos, bem cumpridos e carregados com alegria, fazem que coletivamente o lar seja um ambiente de paz e satisfação. Retornamos ao Corpo Físico para dar continuidade à nossa tarefa que foi interrompida, e através da reencarnação teremos nova oportunidade para esse trabalho no campo do progresso evolutivo de cada um de nós. Para isto precisamos de um porto seguro onde possamos recomeçar a jornada: a FAMÍLIA.

E então é no ambiente doméstico que as almas se reencontram sob variados motivos: resgate, afeições, desafetos, missão ou com a finalidade de estreitar os laços que vão unir essas criaturas, pois neste ambiente de convivência contínua, de interdependência, na condição de pais, filhos e irmãos, aprendemos a nos entrelaçar através da convivência, aprendendo a nos amar.

Assunto pesquisado por Gisele Candaten

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