É no momento do sono que nosso espírito se desprende do corpo físico, permanecendo ligado por um cordão fluídico, e assume suas capacidades espirituais.
Como está descrito no Evangelho Segundo o Espiritismo, "o sono foi dado ao homem para a reposição das forças orgânicas e morais. Enquanto o corpo recupera as energias que perdeu pela atividade no dia anterior, o espírito vai se fortalecer entre outros espíritos".
Por isso a importância de termos uma conduta moral aplicada, com boas companhias, leituras e músicas. Nossas companhias do dia serão as da noite, ou seja, o nosso pensamento vai atrair espíritos encarnados ou desencarnados que tenham a mesma sintonia que a nossa.
Nosso cérebro tem registro objetivo apenas para experiência que passam pelos cinco sentidos – tato, paladar, olfato, visão e audição. Essa é uma das razões pelas quais não lembramos das existências anteriores. Ao reencarnar, ficamos na dependência de cérebro “zero-quilômetro, sem registros do pretérito. Algo semelhante ao que ocorre em relação às nossas atividades no plano espiritual, durante o sono.
Há exceções, envolvendo pessoas dotadas de uma mediunidade especial, chamada onirofania, que permite o registro objetivo das experiências vividas no mundo espiritual durante as horas de sono. Exemplos típicos são os sonhos de José, pai de Jesus, que, em inúmeras oportunidades, foi orientado durante o sono por Gabriel, mentor espiritual de elevada hierarquia que o acompanhava.
O sono, desde os tempos primitivos, muito mais do que o refazimento físico, proporcionou aos Espíritos em estado recente de pensamento contínuo, pouco a pouco, maior liberdade de ação no plano espiritual.
Foi então que a consciência teria despertado e iniciado atividades.
Engedrado por entidades siderais como recurso reparador, o sono, desde sempre possibilitou acesso à mentalização.
Dormindo, desde seus primeiros tempos primitivos, o homem como que treina para a morte. E mais: com o corpo seguramente ligado ao perispírito, naqueles primórdios, a alma pouco se afastava do corpo físico quando este dormia, permanecendo fixado e próximo aos seus interesses imediatos.
Nas leis da vida observamos que os iguais se atraem, assim, os bons pensamentos atraem os bons Espíritos e os maus pensamentos, obviamente, atraem os espíritos imperfeitos.
Ao observarmos detidamente nossos sentimentos podemos observar que sempre que temos sentimentos de angústia, ansiedade indefinida ou mesmo satisfação ou insatisfação interior sem causa conhecida, estamos tendo a comunicação inconsciente de espíritos ou até mesmo entrando em contato com eles durante o sono.
É, no descanso do corpo físico, o Espírito desprende-se e aproveita para retomar parcialmente sua relativa liberdade, permanecendo ligado ao corpo físico por um cordão fluídico/energético. Dependendo de seus interesses e evolução poderá aproveitar estes momentos para visitar outras esferas espirituais onde terá oportunidade de aprender e trocar idéias com seres que, com ele, se afinizam. Pode, também, visitar amigos que estão no plano físico ou no plano espiritual. Se forem Espíritos excessivamente apegados a matéria, poderão buscar ambientes mundanos para se satisfazerem.
Se, ao despertar sentimos paz e alegria, é que estivemos em boas companhias, mas se acordamos de mau humor, cansados e oprimidos, é porque estivemos com Espíritos ignorantes.
Como escolher a companhia que teremos durante o sono? Seria possível evitar a ida a lugares sombrios ou juntar-se aos espíritos nocivos e viciosos?
Sim, a terapêutica é tão simples quanto difícil de ser seguida por todos.
Devemos ter como hábito, antes de dormir, orar a Deus e aos bons Espíritos para que, durante o sono, nossa Alma possa estar em sintonia com os planos elevados da Criação. (Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, Perg.459)
Contudo, com o amadurecimento proporcionado pelas sucessivas vidas físicas (reencarnações), já na sonolência, a mente passou a propiciar-lhe, pouco a pouco, meditações mais profundas sobre sua vida, seus problemas, suas necessidades, suas inquietações, seus desejos.
Libertado do corpo físico pelo sono, a mente se volta para si mesma.
Segundo sua vivência, plasma sonhos, retirando-os das suas idéias, das suas imagens, dos seus desejos. Tais sonhos, naturalmente, consentaneamente com o estado de alma, serão bons ou ruins. A aura deste sonhador, anunciando (ou denunciando) para os espíritos desencarnados de quem se trata. Atrairá para ele inteligências amigas ou sugadores de suas energias, caracterizando-se a obsessão.
Não se diga que a alma, no sono, é sempre expectadora: não tardará a que, depois de multiplicadas experiências se torne agente (do bem ou do mal) passando a ter alguma consciência e, por vezes, até agindo identificado com o estado em que se encontra (dormindo, sonhando).
No sono, cada homem irá ao endereço-objeto dos seus desejos, dos seus interesses: o lavrador ao campo de semeadura; o escultor ao mármore; o caridoso se engaja em assistência a necessitados; o culpado ao local do crime... Todos, sem exceção, terão afins por companhia.
De início, pela hipnose comum, cada Espírito foi se equipando dos primeiros movimentos da mediunidade. Cada faculdade mediúnica foi se implantando espontaneamente, em razão do desprendimento da parte física correspondente, como por exemplo, pelos órgãos da visão a clarividência e pelo ectoplasma, a materialização.
No primitivismo, tais faculdades mediúnicas, sem método, sob ignorância e com desregramentos, descambaram para a fascinação recíproca (encarnados-desencarnados) e/ou para a magia elementar.
Qual o estado da alma durante o sono?
No sono é só o corpo que repousa, mas o Espírito não dorme. As observações práticas provam que, nessas condições, o Espírito goza de toda a liberdade e da plenitude das suas faculdades; aproveita-se do repouso do corpo, dos momentos em que este lhe dispensa a presença, para agir separadamente e ir aonde quer. Durante a vida, qualquer que seja a distância a que se transporte, o Espírito fica sempre preso ao corpo por um cordão fluídico, que serve para chamá-lo, quando a sua presença se torna necessária. Só a morte rompe esse laço.
Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”
O sono liberta parcialmente a alma do corpo. Quando o homem dorme, momentaneamente se encontra no estado em que estará de maneira permanente após a morte.
Os Espíritos que logo se desprendem da matéria, ao morrerem, tiveram sonhos inteligentes. Esses Espíritos, quando dormem, procuram a sociedade dos que lhes são superiores: viajam, conversam e se
instruem com eles; trabalham mesmo em obras que encontram concluídas, ao morrer. Destes fatos deveis aprender, uma vez mais, a não ter medo da morte, pois morreis todos os dias, segundo a expressão de um santo.
Isto, para os Espíritos elevados; pois a massa dos homens que, com a morte, devem permanecer longas horas nessa perturbação, nessa incerteza de que vos têm falado, vão, seja a mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os chamam, seja à procura de prazeres talvez ainda mais baixos do que possuíam aqui; vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que as que professavam entre vós. E o que engendra a simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de nos sentirmos, ao acordar, ligados pelo coração aqueles com que acabamos de passar oito ou nove horas de felicidade ou prazer.
O que explica também as antipatias invencíveis é que sentimos, no fundo do coração, que essas pessoas tem uma consciência diversa da nossa, porque as conhecemos sem jamais as ter visto. É ainda o que explica a indiferença, pois não procuramos fazer novos amigos quando sabemos ter os que nos amam e nos querem. Numa palavra: o sono influi mais do que podemos imaginar, sobre a nossa vida.
Por efeito do sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, e é isso o que faz que os Espíritos superiores consintam, sem muita repulsa, em encarnar-se entre nós.
Deus quis que durante o seu contato com o vício, pudessem eles retemperar-se na fonte do bem, para não falirem, eles que vinham instruir os outros.
O sono é a porta que Deus lhes abriu para o contato com os seus amigos do céu; é o recreio após o trabalho, enquanto esperam o grande livramento, a libertação final, que deve restituí-los ao seu verdadeiro meio.
O sono é uma necessidade fisiológica para descanso do corpo, mas o espírito não precisa desse descanso. Enquanto o corpo se relaxa, afrouxam-se os liames entre o espírito e o corpo. Assim, o espírito tem a possibilidade de entrar em contato com o mundo espiritual.
Após esse encontro, que está sempre regido pelo centro de interesse do espírito que se emancipa do corpo, provisoriamente, ele retorna ao corpo, cujos implementos orgânicos, cerebrais, não têm possibilidade de percepção total da experiência vivida pelo espírito no contato com o plano espiritual.
Desta maneira, permanecem a nível consciente retalhos, fragmentos de lembranças daquela experiência. No entanto, a nível subliminar, subconsciente, a emoção da experiência permanece viva. Quando o espírito encarnado está no estado de vigília e entra em relação com pessoas que estejam relacionadas com o teor do sonho, dentro do centro de interesse do sonho, automaticamente este espírito encarnado sente a emoção invadir o seu ser como o mar invade a praia, sem que ele consiga explicar conscientemente como foi que se processou isso.
O Livro dos Espíritos" nos ensina que esses vínculos afetivos são magnéticos e o Magnetismo nos aproxima sem determinar o que deveremos fazer dessa aproximação, pois será o uso do nosso livre-arbítrio que terá essa função. Assim sendo, é necessário que se verifique que emoção bateu quando se encontrou uma pessoa dita desconhecida: Antipatia? Simpatia? Alegria? Medo? Ou indiferença?
Quando encontramos com um espírito encarnado ou desencarnado, no plano espiritual, durante o sono, estes espíritos poderão ter um significado para nós. Por exemplo: alguém muito paternal, que me lembra muito o meu pai, sem que ele seja exatamente o meu pai. Pode ser um espírito desconhecido que pode estar ali em relação comigo e que eu emprestei um significado a esse espírito. Por outro lado, posso encontrar um pai de outra vida e funcionar tudo às avessas. Como esses registros estão muito na profundidade do inconsciente, é como se eu não o conhecesse.
Porque, muitas vezes, ao acordamos, nos sentimos bem mais cansados do que quando deitamos para dormir?
O espírito se desdobra do corpo durante o sono, mas continua com as preocupações do dia-a-dia e, em muitas ocasiões, reencontra pessoas em ambientes que têm a ver com os conflitos desse dia-a-dia e continuam discutindo as questões difíceis que consumiram esta pessoa durante o dia.
O corpo se ressente porque, afinal de contas, as angústias são originárias do espírito, o corpo só as decodifica. Não podemos afastar também a hipótese de que espíritos fascinadores e obsessores possam estar subtraindo energias deste encarnado que, ao sair do corpo, se submete às falácias do espírito inteligente e mau (obsessor)
Considerações Finais:
Somos espíritos imortais. A pátria espiritual é a verdadeira
Aqui na Terra temos uma cópia muito imperfeita. O que seria de nós, espíritos, se vivêssemos encarnados sem poder sonhar, sem poder voltar ao contato com o plano espiritual que, afinal de contas, é a matriz?
Por outro lado, é através do SONO e do SONHO que exercitamos a morte, que pode ser considerada nossa emancipação definitiva.
Assunto pesquisado por Vilmar Cardoso dos Santos
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