Nasceu em Foug, na França, no dia 1º de janeiro de 1846 e desencarnou em Paris, no dia 12 de abril de 1927. Suas obras são consideradas um patrimônio. Os espíritas, em todas as latitudes, têm uma dívida de gratidão para com Léon Deniz, que não se trata simplesmente de uma figura histórica nos registros do calendário. Para os que o conhecem, Léon Deniz é um guia que continua ensinando, orientando educando e consolando pelos seus livros e pelos exemplos de sua vida. Por isso o cinquentenário de sua desencarnação foi um marco para os espíritas.
Mais de uma geração de espíritas, notadamente no Brasil, formou sua base de cultura doutrinária em grande parte nos livros de Léon Deniz, como nos de Gabriel Delanne, outro notável discípulo de Allan Kardec.
Conhecemos velhos companheiros - conferencistas, jornalistas, doutrinadores e oradores espíritas - que tiveram esse começo e fizeram muito pela divulgação da Doutrina. Léon Deniz fez muitos discípulos entre nós, principalmente durante a “velha guarda”, pois não é tão conhecido da atual geração, cujo ingresso na seara espírita se deve a outras motivações.
A obra de Léon Deniz não é uma relíquia, dessas que ficam no santuário da devoção como peças intocáveis, porque falam apenas do passado. Muito pelo contrário, as ideias de Léon Deniz estão muito vivas, pois não se apagaram com o tempo. São ideias que ainda podem servir de orientação em qualquer um dos ângulos de compreensão do Espiritismo.
Há quem admire Léon Deniz apenas como escritor, e é uma faceta que bem o distingue, mas também há quem veja nele simplesmente um moralista. Enfim, a obra de Deniz é uma síntese em que se encontram e combinam diversos aspectos. O escritor que ele é se entrelaça com o homem de alta especulação filosófica e, ao mesmo tempo, com o inconfundível defensor dos valores morais.
Homem de pensamento e homem de sentimento: a sede de saber e o amor ao próximo são as linhas de sua personalidade.
Leon nos parece tão atual nos dias de hoje como foi em seu tempo na Terra. Muita gente, em nosso meio, conhece Léon Deniz apenas por citações, mas ainda não tomou conhecimento de sua verdadeira linha de pensamento. Poucos, na realidade, poderiam falar, por exemplo, sobre as preocupações sociais de Léon Deniz - que foi um de seus temas constantes.
Francês de nascimento e de educação, homem da classe média, Léon Deniz viu e sentiu o drama da França logo em seguida à I Guerra Mundial.
Justamente por ter participado desse drama social, nele envolvido pela força das circunstâncias, Léon Deniz pensou muito nos destinos da França e da Humanidade, não apenas em termos político-econômicos, seara dos estadistas, mas em termos de recuperação moral, que muito têm a ver com a Doutrina Espírita.
Vemos em Léon Deniz, agora, não mais o escritor brilhante, mas o pensador, o lúcido e grave humanista preocupado com a dor geral, ao contemplar as ruínas da guerra. Realmente, como a história demonstra, a recuperação material depende da capacidade dos administradores e do fator tempo, mas a reconstrução moral é muito trabalhosa e penosa, pois a violência e o sofrimento levam os homens, em grande parte, à desorientação e à neurose, enfraquecidos espiritualmente, sem qualquer vestígio de crença nos valores espirituais. Muitos homens de crença se desorientam, não resistem às repercussões morais e emocionais dos conflitos sangrentos, mas, felizmente, nem todos se deixam naufragar na desordem. Léon Deniz viu e viveu os sofrimentos de seu povo, sentiu as aflições da humanidade, mas não se desviou de sua filosofia de vida. Na força das energias e da palavra, como no crepúsculo da existência física, já na velhice que descambava para o fim do ciclo terreno, foi sempre o mesmo homem convicto. No seu “Testamento moral”, na obra de Gaston Luce, que o chama, com inteira propriedade, o apóstolo do Espiritismo, Leon afirma:
Consagrai esta existência ao serviço de uma grande causa, o Espiritismo ou Espiritualismo Moderno, que será certamente a Religião do futuro... Nesta hora, minha alma entra em recolhimento e se liberta antecipadamente das ligações terrestres; vê e compreende a finalidade da vida. Bela e profunda filosofia – o Espiritismo - que abre a visão do futuro até mesmo no ocaso da vida terrena, quando muita gente pensa que tudo é sombra e tudo se apaga!
Assim, filosofando com sabedoria, Léon Deniz fechou o ciclo de sua experiência terrena aos oitenta e um anos de idade, no século XX.
DEPURAÇÃO
Segundo o dicionário da língua portuguesa, Depuração significa “remoção de impurezas ou de partes heterogêneas de um corpo ou substância; limpeza; purificação”. A Depuração Espírita não “foge” muito disso, sendo que Depurar Espiritualmente significa eliminar os sentimentos e desejos inferiores, dando lugar aos sentimentos e pensamentos nobres.
Somos espíritos imperfeitos em busca do nosso aperfeiçoamento moral, e como ainda estamos tão distantes desse objetivo, atribuímos a nossa vida uma série de limitações não com o objetivo de renuncia ou amor ao próximo, mas como punições aparentes à nossa inferioridade como se dessaforma atingiríamos a depuração espiritual.
Referências
Artigo original de Deolindo Amorim, publicado na revista O Medium do Jornal
Espírita de Abril de 1977.
http://www.aprendiz-espirita.com/biografias/leon-diniz/
Assunto pesquisado por André Luis
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