segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Obsessão e Desobsessão!
Profilaxia e Terapêutica Espíritas
Suely Caldas Schubert.
O presente tema relata a experiência da autora com trabalho em centro espírita no que diz respeito à desobsessão. Trata-se de um relato de leitura obrigatória e agradável, tornando-se um livro didático para se ter sempre ao lado.
A OBSESSÃO
As influenciações Espirituais
Na maioria das vezes, estamos todos nós encarnados agindo sob influência de entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e de ser, que se afina com nossa faixa vibratória. Isso acontece no dia a dia de cada um, eis que se considerarmos o lado terrestre, vivemos em permanente sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não e, estas pessoas nos transmitem influências, seja pelas duas idéias, seja dos exemplos que nos são dados. Tentamos por diversos meios influenciar pessoas, sejam elas de nosso convívio diário ou não a fim de lograrmos o nosso intento. Dessa forma, também é natural que ocorra o mesmo com os habitantes do plano espiritual.
Companhias Espirituais
Pelo simples pensamento emitido, por mais secreto que pareça, ilustra a faixa vibratória em que nos situamos fazendo assim com que haja repercussão imediata naqueles que estão na mesma freqüência vibracional. Assim atrairemos aquelas criaturas que navegam na mesma emissão mental. Por esse processo e por nossos pensamentos é que os Espíritos se aproximam de nós e passam a nos dirigir de forma imperceptível, afinizando-se conosco.
O importante é meditarmos a respeito de quanto somos influenciáveis, e quão fracos e vacilantes somos. O Espiritismo levanta o véu dos mistérios, nos traz a explicação clara demonstrando a verdade, nos dando condições de vencer os erros preservando-nos de novas quedas.
O QUE É A OBSESSÃO
“A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muitos diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XXVIII, item 81.)
Obsessão do latim obsessione. Impertinência, perseguição, vexação. Preocupação com determinada idéia, que domina doentiamente o espírito, e resultante ou não de sentimentos recalcados; idéia fixa; mania (Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira). A palavra também tem o significado de idéia fixa em alguma coisa.
Entre os espíritas, tem acepção mais profunda conforme o codificador Kardec: “preocupação com determinada idéia, que domina doentiamente o espírito”, pode também resultar da certeza da culpa existente nos recesso da mente, denotando “perseguição” aonde o obsessor vem desforrar-se do antigo algoz ou comparsa. Diz ainda Kardec que “a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau”(...).
Segundo A Gênese (Allan Kardec, cap XIV item 46, 22ª Ed. FEB) “quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem freqüentemente se encontra nas relações que o obsedado manteve com o obsessor, em vidas passadas.”
Obsessão – cobrança que bate às portas da alma – é um processo bilateral. Faz-se presente porque há de um lado o cobrador e do outro o devedor.
A obsessão, vista do ângulo tanto do obsedado quanto do obsessor, somente ocorre porque os seres humanos carregam em suas almas mais sombras do que luz.
GRADUAÇÃO DAS OBSESSÕES
O problema da obsessão reside no estado de sutileza em que possa apresentar-se, de tal forma que não é detectada com facilidade, passando muitas vezes inteiramente despercebida. São influenciações espirituais sutis que levam a pessoa visada a procedimentos dos quais se arrependerá, provavelmente, quando conseguir refletir com algum equilíbrio.
Não damos importância alguma aos nossos estados emocionais, que oscilam bastante. Constataremos que para o desequilíbrio de nossas emoções, pequeninos nadas tornam-se agentes poderosos e fazem vacilar a nossa aparente serenidade interior, levando-nos a estados de visível turvação mental. É no cotidiano que tais possibilidades, mascaradas, aparecem com o nome de “gênio forte”. É com essa desculpa que procuramos justificar nossos desvios de caráter, quando assomamos a esta porta com a nossa má formação íntima a expressar-se na irritação, no mau
humor, na ira, na maledicência, e tantos outros procedimentos negativos. André Luiz nos adverte que somos os únicos responsáveis pela sintonias infelizes do nosso hoje, graças sempre ao longo caminho de vícios que partilhamos ontem.
Ação e reação. Causa e efeito. Hoje, choramos ao peso das aflições que nós mesmos semeamos. Manoel Philomeno de Miranda nos remete para o seguinte: agora, reclamamos pelos padecimentos obsessivos que nos atormentam a alma. Somos os atormentadores, agora atormentados.
AS VÁRIAS EXPRESSÕES DE UM MESMO PROBLEMA
Divaldo Pereira Franco em Sementes de Vida Eterna, cap. 30 encontramos nos diz que “(...) existem problemas obsessivos em várias expressões, como os de um encarnado sobre outro; de um desencarnado sobre outro; de um encarnado sobre um desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele.” A obsessão se expressa de várias maneiras como acima foram elencadas, mas também pode aparecer a obsessão recíproca e a auto-obsessão.
Encarnado para encarnado
Pessoas obsedando pessoas. Caracterizam-se pela capacidade de dominar mentalmente aqueles que elegem como vítimas. Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de poder e orgulho. Surgem em decorrência de um amor tiranizante, demasiadamente possessivo, podando e sufocando a liberdade do outro. São aquelas obsessões que em nome da amizade influenciam o outro, mudando-lhe o modo de pensar, exercendo sempre a vontade mais forte o domínio sobre a que se apresentar mais passiva.
Desencarnado para desencarnado
Espíritos que obsedam Espíritos. Desencarnados que dominam desencarnados. Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas conquistas e experiências onde quer que estejam. Geralmente ocorre quando o Espírito que já desencarnou, o obsessor, alicia outros Espíritos os quais ainda estão presos ao veículo físico. Sua sujeição mental tem origens no temor ou até em compromissos ou dívidas existentes entre eles, havendo casos em que o “chefe” os mantém sob hipnose – processo análogo, aliás, ao utilizado com as vítimas encarnadas.
De encarnado para desencarnado
Estão ligados geralmente pela inconformação e o desespero advindo da perda de um ente querido que pode transformar-se em obsessão, que irá afligi-lo e atormentá-lo. Idêntico processo se verifica quando o sentimento que domina o encarnado é o do ódio, da revolta, etc.
De desencarnado para encarnado
É a atuação maléfica de um espírito sobre um encarnado. Esse processo é o de maior incidência. Agindo nas sombras, o obsessor tem, a seu favor, o fato de não ser visível e nem sempre percebido ou pressentido pela sua vítima.
Obsessão recíproca
A obsessão pode assumir ainda, o caráter de reciprocidade. Essa característica transforma-se em verdadeira simbiose, quando dois seres passam a viver em regime de comunhão de pensamentos e vibrações. Isto ocorre até mesmo entre encarnados que se unem através do amor desequilibrado, mantendo um relacionamento enervante. São as paixões avassaladoras que tornam os seres totalmente cegos a quaisquer outros acontecimentos e interesses, fechando-se num egoísmo a dois, altamente perturbador.
A auto-obsessão
Nas Óbras Póstumas de Allan Kardec, 1ª parte, “Manifestações dos Espíritos”, item 58, 17ª Ed. FEB nos diz que: “o homem, não raramente, é o obsessor de si mesmo”. Vemos que a maioria prefere lançar toda a culpa de seus tormentos e aflições aos Espíritos, livrando-se de maiores responsabilidades. O codificador explica ainda que alguns estados doentios e certas aberrações que se lançam à conta de uma causa oculta, derivam do Espírito do próprio indivíduo. Existem aqueles que portam auto-obsessão sutil, mais difícil de ser detectada e, via de regra é a que mais se alastra atualmente. Como conseqüência, esse estado mental abre campo para os desencarnados menos felizes, que dele se aproveitam para se aproximarem, instalando-se aí sim, o desequilíbrio por obsessão.
Invigilância: a porta para a obsessão
A existência dos fatores predisponentes – causas cármicas facilitam a aproximação dos obsessores, que, entretanto, necessitam descobrir o momento propício para a efetivação da sintonia completa que almejam. Esse momento tem o nome de invigilância. É a porta que se abre para o mundo íntimo, facilitando a incursão de pensamentos estranhos, cuja finalidade é sempre o conúbio degradante entre mentes desequilibradas, o inevitável encontro entre credor e devedor, os quais conseguiram resolver suas divergências pelos caminhos do perdão e do amor.
A escravização do pensamento
A obsessão é a escravização temporária do pensamento, imantando credores e devedores, que inconscientemente ou não se buscam pelas leis cármicas. Pelo pensamento nós nos libertamos ou nos escravizamos. O homem não tem
sabido usar o pensamento. Somente agora se está inteirando das suas próprias potencialidades. Somente agora está começando a descobrir que ele é o que pensa. Que seus pensamentos são ele mesmo, isto é, expressam sua individualidade, a essência mesma de que é feito, com todas as peculiaridades que integram a sua personalidade. Mesmo com o alto grau de conhecimento e de avanços nessa área, ainda assim o homem continua escravo dos vícios, do sexo, do dinheiro, do lazer e da máquina. Continua escravo de tudo, se permite a mais abjeta e dolorosa escravidão: o seu auto-enclausuramento na escuridão do egoísmo. Negando assim a Deus.
O processo obsessivo
Na psicografia de Divaldo Pereira Franco, por Manoel Philomeno de Miranda, Nos bastidores da Obsessão, “examinando a obsessão” encontramos o enunciando “junstapondo-se sutilmente cérebro a cérebro, mente a mente, vontade dominante sobre vontade que se deixa dominar, órgão a órgão, através do perispírito pelo qual se identifica como encarnado, a cada cessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do hóspede, que se transforma em parasita insidioso...” Encontrando em sua vítima os condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tudo se vale o obsessor para instalar a sua onda mental na mente da pessoa visada. A interferência se dá por processo análogo ao que acontece no rádio, quando uma emissora clandestina passa a utilizar determinada freqüência operada por outra, prejudicando-lhe a transmissão. Essa interferência estará tanto mais assegurada quanto mais forte, potente e constante ela se apresentar, até abafar quase por completo os sons emitidos pela emissora burlada.
O perseguidor age persistentemente para que se efetue a ligação, a sintonia mental, enviando os seus pensamentos, numa repetição constante, hipnótica, à mente da vítima, que invigilante, assimila-os e reflete-os, deixando-se dominar pelas idéias intrusas.
O obsessor atua na ânsia de alcançar os seus intentos, certo de que a perseverança, a perseguição sem tréguas, a constância da manifestação de sua vontade subjugarão o seu devedor.
As conseqüências da obsessão
“A subjugação corporal, levada a certo grau, poderá ter como conseqüência a loucura? Pode, a uma espécie de loucura cuja causa o mundo desconhece, mas que não tem relação alguma com a loucura ordinária. Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados: precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornam verdadeiros loucos. Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão mais doentes do que as duchas.” (O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 254, 6ª questão). Quando ultrapassam o limite de simples influenciações, enraizando-se na mente da vítima que passa a viver sob o domínio quase total do obsessor, as obsessões assumem caráter de subjugação ou possessão e ocasionam sérios danos ao organismo do obsedado. Surgem, assim, os distúrbios variados, difíceis de serem diagnosticados com precisão e difíceis até de serem constatados. As enfermidades que surgem são da alma a se refletirem no corpo físico.
Importa deixar bem claro que não se deve confundir e generalizar, afirmando que tudo é obsessão, que tudo é provocado por obsessores, como também não se deve atribuir todas as nossas dificuldades à ação dos Espíritos perturbadores. E Kardec não deixou de nos advertir quanto a isto, a esse exagero tão comum no meio espírita. Nem sempre os problemas são de origem espiritual. Pode ser até mesmo um processo de auto-obsessão, como já foi ilustrado.
Também é preciso não confundir esses estados com sintomas de mediunidade. Mediunidade não é doença e nem os sinais de sua eclosão podem ser confundidos com enfermidades. Há que se fazer distinção entre uma enfermidade e os sintomas do desabrochar da faculdade mediúnica. É conveniente cuidar-se de examinar as síndromes das enfermidades psiquiátricas, a fim de não as confundir com os sintomas de mediunidade, no período inicial da manifestação, quando o médium se encontra atormentado.
O obsidiado
“As imperfeições morais do obsedado constituem, freqüentemente, um obstáculo à sua libertação.” (O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 252.)
Obsedado – Obsesso: importunado, atormentado, perseguido. Indivíduo que se crê atormentado, perseguido pelo Demônio. Obsedados – todos nós o fomos ou ainda somos.
Desde que não conseguimos a nossa liberdade completa; desde que ainda não temos a nossa carta de alforria para a eternidade; desde que caminhamos com pesadas aflições que nos falam de um passado culposo e que ressumam sombras ao nosso redor; desde que ainda não temos a plenitude da paz de consciência e do dever cumprido; desde que somos forçados, cercados, limitados em nosso caminhar e constrangidos a suportar presenças que nos causam torturas, inquietações, lágrimas e preocupações, é porque, ainda somos prisioneiros de nós mesmos, tendo como carcereiros aqueles a quem devemos. Estes que se comprazem em nos observar. Prisão interior. “Cela pessoal” – nos diz Joanna de Angelis -, onde grande maioria se mantém sem lutar por sua libertação, acomodada aos vícios,
cristalizada nos erros. Cela da qual o Espiritismo veio nos tirar, com seus ensinamentos que consolam, mas, sobretudo, que libertam.
A sua transformação moral, a vivência no bem, o cultivo dos reais valores da vida verdadeira irão aos poucos anulando os condicionamentos para a dor, enquanto favorecerão a sua própria harmonização interior, que é, sem dúvida, fator de melhor saúde física.
A criança Obsedada
“Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação? (...)Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso? (O livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 199-a).
Crianças obsedadas nos remetem ao mais profundo sentimentos de solidariedade. Tal como acontece com as várias enfermidades que atormentam as crianças, temos a iniciativa de protegê-las e tentar aliviar suas dores. Essas criaturas, pequeninas, se apresentam torturados, inquietos, com quadros de impossível diagnóstico, cujo choro, aflito ou nervoso nos condói e impele à prece imediata em seu benefício, são muita vez obsedadas de berço, ou se apresentam sumamente inquietos, irritados desde que abrem os olhos para o mundo carnal. Ao crescer, apresentar-se-ão como crianças-problemas, que a Psicologia em vão procura entender e explicar.
Crianças que padecem de obsessões devem ser tratadas em nossas instituições espíritas através do passe e da água fluidificada, e é imprescindível que lhes dispensemos muita atenção e amor, a fim de que se sintam confiantes e seguras em nosso meio. Tentemos cativá-las com muito carinho, porque somente o amor conseguirá refrigerar essas almas cansadas de sofrimentos, ansiando por serem amadas.
Fundamental, nesses casos, a orientação espírita aos pais, para que entendam melhor a dificuldades que experimentam, tendo assim mais condições de ajudar o filho e a si próprio, visto que são, provavelmente, os cúmplices ou desafetos do pretérito, agora reunidos em provações redentoras. Devem ser instruídos no sentido de que façam o Culto do Evangelho no Lar, favorecendo o ambiente em que vivem com os eflúvios do Alto, que nunca falta áquele que recorre à Misericórdia do Pai.
Quem é o Obsessor?
“Obsessores visíveis e invisíveis são nossas próprias obras, espinheiros plantados por nossas mãos.” (Seara dos Médiuns, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “Obsessores”.)
Obsessor – Do latim obsessore. Aquele que causa a obsessão; que importuna.
A Doutrina Espírita nos veio ensinar a Verdade e esta nos faz enxergar por dentro de nós mesmos. Ela nos desnuda perante a nossa própria consciência, pois o verdadeiro espírita não teme o auto-exame, a auto-análise, que lhe possibilitará conhecimento mais profundo de deficiências, das sombras que existem dentro e cada um.
Diante dessa conscientização é que nos lançamos à reforma íntima. Primeiro, o mergulho dentro do nosso eu, o reencontro doloroso, mas essencial, quando contemplamos os escombros, as ruínas em que transformamos o que tínhamos de melhor. Depois dessa constatação, a Doutrina estimula a reconstrução e, além disso, muito mais: possibilita-nos e facilita a reedificação do universo interior.
O obsessor é, em última análise, um irmão enfermo e infeliz. Dominado pela idéia fixa (monoideísmo) de vingar-se, esquece-se de tudo o mais e passa a viver em função daquele que é o alvo de seus planos. E, na execução desses, o seu sofrimento ir-se-á agravando proporcionalmente às torturas que venha a infligir ao outro, o que acarretará para os seus dias futuros pesado ônus do qual não conseguirá escapar senão pela reforma íntima. Os Obsessores, entretanto, não são totalmente maus, é preciso que se diga. Como ninguém é absolutamente mau. São, antes, doentes da alma. Possuem sementes de bondade, recursos positivos que estão abafados, adormecidos.
Nem todo obsessor tem consciência do mal que está praticando. Existem aqueles que agem por amor, por zelo, pensando ajudar ou querendo apenas ficar junto do ser querido.
Modo de Ação do Obsessor
“Sutilmente, a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsedante penetra a mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais necessárias (...) começa a dar guarida ao pensamento infeliz, incorporando-o às próprias concepções e traumas que vêm do passado, através de cujo comportamento cede lugar à manifestação ingrata e dominadora da alienação obsessiva.” – Manoel Philomeno de Miranda. (Sementes de Vida Eterna, autores Diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, cap. 30.)
Consciente ou inconscientemente, usando ou não de artifício e sutilezas, o obsessor age sempre se aproveitando das brechas morais que encontra em sua vítima. Os condicionamentos do pretérito são como ímãs a atraí-los, favorecendo a conexão imprescindível ao processo obsessivo, que tanto pode começar no berço, como na infância ou em qualquer fase da existência daquele que é alvo de seu interesse.
Muitos não têm consciência do mal que estão praticando. Podem estar sendo usados por obsessores mais inteligentes e mais cruéis, que os atormentam, enquanto os obrigam a, por vez, atormentarem os que são objeto de vingança ou ódio. Obsessores que também são obsedados, conforme já comentamos.
Via de regra, os obsessores chefiam outros obsessores, que tanto podem ser seus cúmplices por vontade própria ou uma espécie de escravos, dominados por processos análogos aos usados com os obsedados encarnados. Esses Espíritos são empregados para garantir o cerco, intensificar a perturbação não só da vítima como dos componentes do seu círculo familiar. Permanecem ao lado destes, acompanham-lhes os passos, vigiam-lhes os movimentos e têm a incumbência de ocarsionar-lhes problemas, mal-estar, confusões, o que conseguirão desde que a criatura visada não se defenda com a luz da prece e o reforço de uma vida edificante, voltada para a prática da caridade e para o desejo constante do bem. Os obsessores valem-se dos instantes do sono físico de suas vítimas para intensificarem a perseguição. Manoel Philomeno de Miranda narra que em um paciente atormentado por obsessores cruéis, foi implantada “pequena célula fotoelétrica gravada, de material especial, nos centros da memória” (Nos Bastidores da Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, cap. 8, 2ª Ed FEB). Operando no perispírito, realizou o implante, induzindo a vítima a ouvir continuamente a voz dos algozes ordenando-lhe que se suicidasse.
Tais processos denotam imensa crueldade, mas não devem ser motivo de surpresa para nós, pois sabemos que tanto na esfera física quanto na espiritual os homens são os mesmos. O que vem fazendo o homem em todos os tempos, em todas as guerras e até em tempo de paz, senão aperfeiçoar os métodos de suplício, de modo a torná-los mais requintados, com o fito de provocar dores cada vez mais acerbas e seus semelhantes?
Grande número de entidades se manifesta dizendo estar em determinado local, ao lado de certa pessoa e que aí são constrangidas a permanecer.
Outras se comunicam confessando abertamente que foram encarregadas de assustar determinada criatura ou família, e para isto provocam brigas, intrigas, confusões, insuflando idéias desse teor naqueles que se mostram receptivos, envolvendo-os com seus fluídos perturbadores, rendo-se dos resultados, zombando do medo e das preocupações que acarretam.
Na quase totalidade dos casos, o obsessor não age sozinho. Sempre arregimenta companheiros, comparsas que o ajudam e outros que são forçados a colaborar, cientes ou não do plano urdido pelo chefe.
Várias obras da literatura mediúnica espírita narram obsessões complexas, mostrando detalhadamente os meios e técnicas empregados pelos verdugos. Em “Ação e Reação” e “Libertação”, encontramos, respectivamente, o caso Antonio Olimpio e seu filho Luis, e o de Margarida. Em ambos, atuavam grandes falanges de obsessores. Igualmente no caso da família Soares, da obra “Nos Bastidores da Obsessão”.
Para que se atenda aos obsedado, imprescindível socorrer simultaneamente toda a falange de algozes que o cerca. Aos poucos essas entidades menos felizes são atraídas para a reunião de desobsessão, num trabalho de grande alcance e profundidade. Geralmente, quando o chefe se comunica, quase todos os seus prepostos já foram atendidos e encaminhados o que o torna enfurecido ou desesperado, tentando arregimentar novas forças e ameaçando os membros da reunião, que ele culpa e para os quais transfere parte do seu ódio.
Daí, porque é fundamental que a reunião seja toda ela estruturada na fé inabalável, no mais purificado amor ao próximo, na firmeza e na segurança que une todos os seus integrantes e, especialmente, sob a amorosa orientação de Jesus e dos Mentores Espirituais – que são em verdade o sustentáculo de todo o abençoado ministério socorrista.
Frente a um obsessor cruel e vingativo, que ameaça não só os da equipe encarnada, mas que diz estender o seu ódio aos familiares dos que ali estão presentes, desafiando-os com todos os tipos de agressões verbais (evidentemente sofrendo a necessária censura do médium, que as transmite e que só deixa passar aquilo que o bom senso permita), mas que ainda assim são de molde a atemorizar os menos afeitos a esses serviços, unicamente resistem aqueles que estão preparados parar tal mister. Os que tenham fé e experiência que amem esse trabalho e, por conseguinte, tenham amor para doar a esses irmãos infortunados que a dor marcou profundamente: e tenham a mais absoluta convicção no amparo de Jesus através da direção espiritual que orienta todas as ocorrências.
Parasitose Espiritual
“(...) vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias.” (Missionários da Luz, André Luiz, psicografia de Francisco cândido Xavier, cap. 4)
Existe vampirização em larga escala, desde os tempos imemoriais. Sempre existiram criaturas que vivem a expensas de outrem, absorvendo-lhes as energias das mais diferentes maneiras, tanto no plano físico quanto no espiritual.
No livro “Evolução em dois Mundos”, André Luiz compara os parasitas existentes nos reinos inferiores na Natureza aos “parasitas espirituais”, visto que os meios utilizados pelos desencarnados, que se vinculam aos que permanecem na esfera física, obedecem aos mesmos princípios de simbiose prejudicial. Reportando-se aos ectoparasitase aos endoparasitas, traça o autor um paralelo entre estes e a ação dos obsessores.
Encontramos muitos desencarnados que agem como ectoparasitas, ou seja, “absorvendo as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali”, como são os que se aproximam eventualmente dos fumantes, dos alcoólatras e de todos aqueles que se entregam aos vícios e desregramentos de qualquer espécie.
E como endoparasitas conscientes os que, “após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vítimas”, assenhoreiam-se de seu campo mental “impondo-lhes ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vítima passa a acolher qual se fossem os seus próprios. Assim, em perfeita simbiose, refletem-se mutuamente, estacionários ambos no tempo, até que as leis da vida lhes reclamem, pela dificuldade ou pela dor, a alteração imprescindível”.
O parasitismo espiritual, ou vampirismo, é um processo grave de obsessão que pode ocasionar sérios danos àquele que se faz hospedeiro (o obsedado), levando-o à loucura ou até mesmo a morte.
O quadro das aflições e degradações humanas é bastante deplorável, daí por que a missão do Espiritismo avulta a cada instante, pois que ele faz a única terapêutica possível para esses dramas pungentes.
Os Ovóides
“(...) o períspirito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua.” (O livro dos Médiuns, Allam Kardec, item 56)
A transubstanciação, transformação, do corpo espiritual num corpo ovóide pode ocorrer nos seguintes casos:
1- O homem selvagem quando retorna, após a morte do corpo denso, ao plano espiritual, sente-se atemorizado diante do desconhecido. Diz-nos André Luiz que a própria vastidão cósmica o assusta, bem como a visão de Espíritos, mesmo os bons e sábios infunde-lhe grande temor. Nestas condições estabelece-se nele a ideia fixa, abstraindo-se de tudo o mais. O pensamento que lhe flui a mente permanece em circuito viciado, continuamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante.
2- Desencarnados, em profundo desequilíbrio, aspirando a vingar-se ou portadores de vicioso apego, envolvem e influenciam aqueles que lhes são objeto de perseguição ou atenção e auto-hipnotizam-se com as próprias ideias, que se repetem indefinidamente. Em consequência, os órgãos perispiríticos se retraem por falta de função, assemelhando-se então a ovoides “vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influênciação”, por trazerem os fatores predisponentes, quais sejam, a culpa, o remorso, o ódio, o egoísmo, que externam em vibrações incessantes, sob o comando da mente. Configura-se a parasitose espiritual. O hóspede (o obsessor) passa a viver no clima pessoal do hospedeiro (o obsedado).
3- Os grandes criminosos, os pervertidos, os trânsfugas do dever, ao desencarnar, ver-se-ão atormentados pela visão repetida e constante dos próprios crimes, vícios e delitos, em alucinações que os tornam dementados. Os obsessores utilizam-se desses ovoides para intensificar o cerco sobre suas vítimas, imantando-os a estas. Instala-se daí em diante o parasitismo espiritual. A subjugação, quando levada a efeito nessas condições, acarreta consequências gravíssimas, lesando o cérebro ou outros órgãos que estejam sendo visados. Essa situação produz um desequilíbrio total e pode levar a vítima ao suicídio, á loucura irreversível ou ocasionar a morte por deperecimento (exaurimento) ou distúrbio orgânico.
TERAPEUTICA ESPÍRITA
Tratamento das Obsessões
“O tratamento de obsessões (...) não é trabalho excêntrico, em nossos círculos de fé renovadora. Constitui simplesmente a continuidade do esforço de salvação aos transviados de todos os matizes, começado nas luminosas mãos de Jesus”. (Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, cap. 175.)
Antes dele os obsedados eram marginalizados e objetos de curiosidade e temor. Isolados pelos próprios familiares.
Ele trouxe a lição do amor como remédio e como alimento para os doentes e depauperados da alma, estendendo o seu cuidado amoroso aos que eram tidos como loucos incuráveis e, como tais, banidos da comunidade.
Atraídos pelo Mestre, vinham á sua presença, sentindo instintivamente que nele encontrariam o alívio e a libertação, ou eram conduzidos por familiares piedosos que igualmente pressentiam nele a possibilidade da cura.
“Diante deles, possessos e possessores, só a oração do amor infatigável e o jejum das paixões conseguem mitigar a sede em que se entredevoram, entregando-os aos trabalhadores da Obra de Nosso Pai, que em toda parte estão cooperando com o Amor, incessantemente”.
O trabalho de desobsessão se iniciou com Jesus.
Depois de longo espaço de tempo, enquanto os homens se esqueceram, deturparam ou abafaram os ditos e feitos do Senhor, perseguindo os obsidiados, os médiuns, enfim, todos os que apresentassem dons mediúnicos ou psíquicos, considerados à época diabólicos, veio o Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus, reavivar a luz das lições do Cristo, retirando-a de sob o alqueire das fantasias, que ocultava a Verdade, de acordo com as convivências
e as circunstâncias do poder temporal. Assim, estamos dando continuidade àquele trabalho bendito que as luminosas mãos de Jesus iniciaram.
É o abençoado ministério da desobsessão. Tanto mais abençoado quanto é certo que, ao sermos convocados para esse labor, sentimos na alma que ele realiza em nós tudo o que pretendemos fazer pelos nossos semelhantes.
O espiritismo, portanto, orienta o tratamento das obsessões, abre novo entendimento acerca do obsessor e obsedado e demonstra o quanto é importante a participação do enfermo como condição básica para o êxito do tentame, em qualquer tempo em que esse se realize.
O processo de autodesobsessão
“No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da própria cura.” (Grilhões Partidos, Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, “Prolusão”.)
Autodesobsessão: Ato de promover a própria pessoa a sua desobsessão, através da reforma íntima, tal como esclarece a Doutrina Espírita.
Autodesobsessão, sinônimo de auto-evangelização, de auto-reforma. É o ser humano lutando para dominar as suas más tendências e inclinações. O Espiritismo vem lembrar aos homens a imorredoura lição do Mestre: “Não tornes a pecar.” Nisto consiste a participação do obsesso quanto ao próprio tratamento.
Ninguém se engane: o obsedado só se libertará quando ele mesmo de dispuser a promover a sua Autodesobsessão. O Espiritismo não pode fazer por ele o que ele não fizer por si mesmo. Muito menos os médiuns, ou alguém que queira operar a cura.
A primeira coisa a ser feita, portanto, é esclarecer ao paciente o quanto a sua participação é fundamental para o tratamento. E nisso reside quase toda a possibilidade de êxito.
Yvonne A. Pereira tem uma recomendação muito importante no seu livro “Recordações da Mediunidade”, cap 10: “O obsedado, se não procurar renovar-se diariamente, num trabalho perseverante de auto-domínio ou auto-educação, progredindo em moral e edificação espiritual, jamais deixará de se sentir obsedado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere. Sua renovação moral, portanto, será a principal terapêutica, nos caos em que ele possa agir.”
O valor da prece
“Em todos os caso de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.” (A Gênese, Allam Kardec, cap. XIV, item 46.)
As pessoas diretamente ligadas ao obsedado e até ele mesmo, acreditam que as preces devem ser feitas no Centro Espírita pelo seu Presidente, pelos médiuns, pelos integrantes dos trabalhos, enfim, por todos, menos por eles próprios.
Muitos se julgam incapazes de orar ou acham que suas preces não tem a eficácia que almejam, ou foram habituados às preces decoradas, que consistem num simples balbuciar de palavras que não brotam do coração. Falam, suplicam maquinalmente e têm longe o pensamento. Quando não reclamam favores absurdos, que atendem apenas ás coisas materiais ou a interesses que nem sempre representam o melhor.
O Espiritismo, como verdadeira escola de fé, veio ensinar tudo isto ao ser humano. Veio para relembrar as lições primeiras que o homem olvidou, aquelas mais simples até as mais altas noções que envolvem os problemas do ser, que falam da sua anterioridade ao berço e de sua continuidade, como imortal que é.
Orar em beneficio dos nossos irmãos que passam por provações e que nos solicitam preces é um dever de solidariedade e amor.
Orientemos as pessoas que nos solicitarem preces para que, no mesmo dia e horário da reunião, em seus lares, façam a leitura de um trecho de “O Evangelho segundo o Espiritismo” e, em seguida, que orem também, explicando-lhes que esse proceder lhes propiciará a sintonização com os Benfeitores Espirituais, colocando-os em posição de receptividade.
A necessidade da Reforma interior
“(...) É, pois, indispensável que o obsedado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 479.)
Um mal existe há muitos anos, há séculos mesmo, não se resolve de súbito. Procedimentos enraizados e que se perdem na poeira do passado não se consegue modificar repentinamente.
A transformação moral é meta principal de todo espírita, daquele que sente dentro de si mesmo despertarem todas as potências.
Hoje, que reencontramos a palavra do Mestre em toda sua pureza e simplicidade nos ensinos do Consolador; agora, que sentimos integralmente todo o peso de nossa responsabilidade e o quanto permanecemos até o presente cegos, surdos, paralíticos e hebetados, soou, enfim, o instante decisivo em nossa existência multimilenar. Cansados de carregar o fardo de aflições, defrontamo-nos, talvez, com o mais decisivo momento de nossa romagem evolutiva.
É definição que esperam aqueles que nos amam e nos aguardam no Plano Espiritual Maior. Não só para os portadores de obsessões declaradas enfatizamos a imperiosa e inadiável necessidade da reforma moral, mas para todos nós, espíritas ou não.
A ação do pensamento
“Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção.” (Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, cap. 15)
Obsessão e desobsessão: escravidão e libertação do pensamento. Ensinamento extraordinário que a Doutrina Espirita lega à Humanidade.
Escravidão que está sendo analisada nos demonstra:
- a que ponto de subjugação pode chegar o ser humano, atormentado por outro ser humano, em gradações que vão desde a obsessão sutil a possessão e o vampirismo;
- o ser humano autoflagelando-se mentalmente, até atingir a auto-obsessão;
- o ser humano assolado pelo remorso, pela descrença ou egoísmo, enclausurando-se no pensamento viciado, cujo centro é ele próprio, num processo de autodestruição que o levará, após a desencarnação, persistindo o circuito mental viciado, a transubstanciar-se num ovóide.
Libertação, meta principal de todos nós. Escopo final do homem, que aspira a ser livre para sempre. E nesse ideal de liberdade julga erradamente que irá encontrá-la em aventuras arriscadas e dispendiosas, sondando o cosmos, lançando-se ao espaço, na ânsia de conquistar o infinito.
Há milhões de almas humanas vagando na crosta terrestre, há mais de dez mil anos. Morrem no corpo denso e renasce nele, qual acontece ás árvores que brotam sempre, profundamente enraizadas no solo.
Profundamente habituados a orientar erroneamente a direção do nosso pensamento, eis que surge o Espiritismo, como bênção de acréscimo da Misericórdia Divina, para nos libertar. A Doutrina Espírita veio desvendar o processo de nossa libertação. E demonstrar que a liberdade tem que ser conquistada com o empenho de todas as nossas energias e com o selo de nossa responsabilidade.
Liberdade e responsabilidade. Para merecermos a primeira temos que assumir a segunda.
Dos tormentosos processos obsessivos, o homem só se libertará quando entender o quanto é responsável pelo próprio tormento e pelos que infligiu aos que hoje lhe batem ás portas do coração, roubando a paz que julgava merecer. Não damos o devido valor à necessidade de selecionar as ondas mentais que emitimos e as que captamos. E nisto reside todo o segredo, se assim podemos dizer, da existência humana.
Na qualidade do pensamento que emitimos, que cultivamos e que recebemos dos outros, aceitando-os ou não, está o “mistério” da saúde ou da doença, da paz ou do desequilíbrio.
O poder da vontade
Como todas as demais potencialidades latentes em nós, a vontade, para a grande maioria, é somente acionada para aquilo que for mais fácil, menos custoso ou, o que é pior, para destruir.
Aos que padecem de problemas obsessivos, deve-se-lhes esclarecer o quanto é essencial a sua própria participação no tratamento e que deles mesmos dependerá, em grande parte, o êxito ou o insucesso em alcançar a cura.
A primeira providência será de mudar a direção dos pensamentos, substituir as reflexões depressivas, mórbidas, tediosas, solidão e tristeza por pensamentos contrários a esse estado interior, num exercício constante, que se renova a cada dia, aprendendo a olhar a vida com olhos otimistas, corajosos e, sobretudo, plenos de esperança. É abrir a janela da alma através da prece, permitindo que um novo sol brilhe dentro de si mesmo.
A vontade é, pois, o comando geral de nossa existência. Ela é a manifestação do ser como individualidade, no uso do seu livre-arbítrio. Temos a liberdade de escolher, de optar, mas só o faremos quando usarmos a vontade.
A conscientização do enfermo para este ponto é fundamental, para que ele compreenda a sua participação no processo de desobsessão, na sua Autodesobsessão, enquanto simultaneamente se realizam os trabalhos desobsessivos no Centro Espírita, nas reuniões especializadas. Quando o paciente apresenta condições, todas as noções que a Doutrina apresenta devem ser gradualmente ministradas, lembrando-se de que essa é uma tarefa que demanda tempo e paciência, perseverança e amor.
A terapia da caridade
“Porquanto, tive fome e me deste de comer; tive sede e me deste de beber; careci de teto e me hospedastes; estive nu e me vestistes; achei-me doente e me visitastes; estive preso e me fostes ver.
Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.” Jesus. (Mateus, 25: 35, 36 e 40.)
Todos necessitamos nos engajar nos serviços de amor ao próximo. Há tantas dores na Terra. Dores que surgem ao nosso redor, que crescem e se avolumam e que dominam os seres humanos. Há tanta dor caminhando pelas ruas do
mundo, gritando no silêncio por socorro, clamando ajuda, cujos gritos somente serão captados pelos corações sensíveis, dispostos ao amor, à caridade. Há tanta dor ao nosso lado e, muitas vezes, fechados, encastelados em egoística preocupação com os nossos problemas íntimos, não a vemos.
A Benfeitora Espiritual Joanna de Ângelis nos alerta:” Ameniza tuas provações ajudando outros sob a dolorosa cruz de provações sem nome. Há fome de amor perto de teu leito de queixas. Alerta-nos para que olhemos em torno de nós, porque certamente estaremos cercados de irmãos em situações mais dolorosas e que auxiliando-os, estaremos concomitantemente amenizando as nossas provações, tornando mais leve e suave o nosso fardo.
O obsedado, quando do início do seu tratamento, deve ser inteirado de que o labor da caridade, em nome de Jesus, é fator primordial para sua melhoria interior. Através da disposição que o paciente apresente para esse serviço, de sua perseverança e boa vontade, conseguirá ele, aos poucos, ir convencendo o seu obsessor da sua renovação moral, o que, indubitavelmente, representará um fator positivo a seu favor.
Os recursos espíritas
No âmbito geral, todos os ensinamentos do Espiritismo constituem preciosos recursos para a obtenção da cura espiritual de que todos carecemos.
Sem embargo, o Espiritismo possui recursos especiais, que são acionados como parte do tratamento, tanto nas moléstias do corpo quanto e, principalmente, nas do espírito.
Quando convocada para atender a um obsedado, a equipe especializada nesse mister deverá certificar-se de algumas particularidades que envolvem o caso, visando ajuizar as medidas a serem adotadas. Tratando-se de problemática mais graves, como subjugação ou possessão, as providências têm caráter de emergência, pois, tal como sucede no atendimento hospitalar, o enfermo deverá ser atendido com a máxima presteza possível.
Podem ocorrer casos em que haja imperiosa necessidade de atender o paciente em seu lar, nessa situação é imprescindível que compareçam, no mínimo dois integrantes da equipe, sempre munidos de informações do paciente e da sua condição quando acometido da enfermidade. Há casos em que a família do doente não aceita a orientação espírita, acreditando tão somente no tratamento médico por medicamentos, os quais não devem ser abandonados, ou suspensos.
Quanto mais os encarnados se identificarem com o paciente, através do interesse, do cuidado, do conhecimento do seu estado, do desejo de aliviá-lo, melhores serão os resultados obtidos. Com mais facilidade atuarão as entidade do Mundo Maior, encontrando os medianeiros receptivos, conscientes e seguros da tarefa.
Esclarecimento ao Obsedado
Em trabalho desobsessivo, muitas vezes, a atenção da equipe que atua nessa especialização se volta de modo muito intenso e integral para os obsessores. A primeira providência seria doutrinar os perseguidores invisíveis.
É imperioso, porém, não olvidar que todo esse esforço poderá ser improdutivo se não cuidarmos com igual ou mais atenção do obsedado.
Já vimos quem é o obsedado. Já temos ciência de que em vários casos ele se apresenta mais endurecido que o seu perseguidor. Temos conhecimento de que a situação pode ser de obsessão recíproca ou até inversa, o que aparenta ser a vítima é, na realidade, o algoz. Em qualquer dos aspectos em que se apresente a questão, devemos empenhar-nos a fundo na tarefa de esclarecimento ao obsedado.
Esclarecer o obsedado é fazê-lo sentir o quanto é essencial a sua participação no tratamento. É orientá-lo, dando-lhe uma visão gradativa, cuidadosa, do que representa em sua existência aquele que é considerado o obsessor.
O esclarecimento será feito através de conversações, de reuniões adequadas, de palestras, de leituras de obras espíritas indicadas pela equipe, entendendo-se que para cada caso serão adotadas as medidas compatíveis.
A importância da Fluidoterapia
“Nos casos de obsessão grave, o obsedado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.” (A Gênese, Allan Kardec, cap XIV, item 46.)
A fluidoterapia é o tratamento feito com fluidos, ou seja, através dos passes e da água fluidificada.
O passe é um ato de amor na sua expressão mais sublimada. É uma doação ao paciente daquilo que o médium tem de melhor, enriquecido com os fluidos que o seu guia espiritual traz, e ambos, médium e Benfeitor espiritual, formando uma única vontade e expressando o mesmo sentimento de amor.
O passe traz benefício imediato. O doente sentindo-se aliviado, mesmo por alguns momentos, terá condições de lutar por sua vez na parte que lhe compete no tratamento. A constância da aplicação da fluidoterapia, aos poucos, propiciará ao enfermo as energias de que carece e o alívio que tanto busca.
Orientação à família do obsedado
“ Vinculados os Espíritos no agrupamento familial pelas necessidades da evolução e reajustamentos recíprocos, no problema da obsessão, os que acompanham o paciente estão fortemente ligados ao fator predisponente, caso não hajam sido os responsáveis pelo insucesso do passado, agora convocados à cooperação no ajustamento das contas.” (Grilhões Partidos, Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, “Prolusão”.)
Não somente o obsedado deve ser conscientizado da sua participação na terapêutica desobsessiva, mas também os seus familiares precisam se alertados quanto à sua própria participação no processo. O processo de obsessão não é só dele. O seu grupo familiar tem vínculos profundos que os entrelaçam. Por isto, sempre que possível a família deve receber orientações que esclareçam quanto à sua conduta e participação no tratamento do obsedado.
Grande número de obsedados procede de famílias que não aceitam o Espiritismo e muito menos a idéia de que o mal seja provocado por Espíritos. Entretanto, quando existe amor realmente, um ou outro familiar de dispõe a aceitar a situação, buscando compreender e até ajudar. Tal aceitação favorece o paciente e, obviamente, a aplicação da terapêutica desobsessiva.
Ao contrário, se houver resistência por parte dos parentes e até rejeição, o caso complica-se e o obsedado sofre duplamente. São provações amaríssimas que evidentemente fazem parte do seu carma, já que nada ocorre injustamente.
Culto do Evangelho no Lar
“Dedica uma das sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa.
(...) Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu.
(...) Jesus no Lar é vida para o Lar.”
(Messe de Amor, Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, cap. 59)
A excelência da prática do Culto do Evangelho no Lar é sentida desde os primeiros momentos em que é inaugurada.
A reflexão da família em torno dos ensinos do Mestre, as ponderações e comentários, sob o ponto de vista de cada um, são elementos altamente terapêuticos favorecendo a psicosfera do lar.
A oração em conjunto amplia os horizontes mentais e eleva as almas na direção do Bem. O clima criado nos instantes do Culto do Evangelho favorece o entendimento e a fraternidade, pois cada um se coloca mais perto do outro e em posição mental receptiva ao amparo dos Benfeitores invisíveis. Nestes instantes de serena beleza, em que o círculo doméstico se volta para Jesus, os Mensageiros do Bem se acercam do lar e os familiares já desencarnados, e que se preocupam em velar pelos que ficaram na crosta terrestre, se aproximam e espargem sobre todos os efluidos de paz, de harmonia, e as energias que fluem do Mais Alto retemperam as forças dando o bom ânimo imprescindível ao prosseguimento das lutas cotidianas. Os familiares dos obsedados devem ser orientados, tanto quanto ele mesmo, se tiver condições, para adoção desta medida.
REUNIÃO DE DESOBSESSÃO
A Desobsessão
“(...) A Desobsessão vige, desse modo, por remédio moral específico, arejando os caminhos mentais em que os perigos da alienação e estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós, numa extensão que, por enquanto, não somos capazes de calcular. Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, insucessos, além de obtermos com o seu apoio espiritual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão.” (Desobsessão, André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, cap. 64.)
Desobsessão - des / obsessão.
Des - Falta, ausência, negação.
Desobsessão – ato de tirar a obsessão.
Desobsessão, em sentido amplo, é o processo de regeneração da Humanidade. É o ser humano desvinculando-se do passado sombrio e vencendo a si mesmo. Em sentido restrito, é o tratamento das obsessões, orientado pela Doutrina Espírita.
A importância da reunião de desobsessão
“A evocação dos Espíritos vulgares tem, além disso, a vantagem de nos pôr em contato com Espíritos sofredores, que podemos aliviar e cujo adiantamento podemos facilitar, por meio de bons conselhos. Todos, pois, nos podemos tornar úteis, ao mesmo tempo que nos instruímos. Há egoísmo naquele que somente a sua própria satisfação procura nas manifestações dos Espíritos, e dá prova de orgulho aquele que deixa de estender a mão em socorro dos desgraçados.” (O livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 281.)
Reunião de desobsessão: oásis de refazimento espiritual. Pronto-socorro de Espíritos sofredores. Hospital de amor para os doentes da alma. O aposento destinado à reunião de desobsessão é, dentro do Templo Espírita, o local onde são medicadas, mais diretamente, as almas.
É a este ambiente apropriado, revestido de vibrações adequadas e que requer cuidados especiais da Espiritualidade Maior, que são trazidos os enfermos do espaço, para receberem o tratamento do amor. Nenhuma outra medicação existe, mais adequada e nem mais bem indicada. As chagas morais; as dores que estão insculpidas no âmago do ser; a tortura do ódio que abrasa aquele que o alimenta; o coração que renegou a Deus e que se apresenta enjaulado dentro de si mesmo; o suicida que se sente morrendo e vivendo em dores superlativas; o infeliz acorrentado às grilhetas do vício; todos, enfim, que representam o cortejo das agonias humanas, só alcançará alívio e tratamento, resposta e orientação na medicação universal do AMOR! Assim, deduz-se que a reunião de desobsessão só alcançará produtividade e êxito nos seus trabalhos quando toda a equipe encarnada aprender a cultivar este medicamento no seu próprio coração, para doá-lo aos que dele necessitam. A equipe espiritual que dirige a equipe terrena, por certo, aguarda essa cooperação alimentando esperanças quanto à nossa atuação.
Para os encarnados tais reuniões são de extrema utilidade, pois é ali que se colhem ensinamentos, exemplificações, lições vivas que nos marcam profundamente e nos acordam para nossas crescentes responsabilidades, ao mesmo tempo em que nos identificamos com os dramas descritos pelos comunicantes, sentindo que eles são nossos irmãos em Humanidade e que suas dores são também nossas. A sensibilidade vai sendo apurada, a cada dia mais sensíveis aos sofrimentos alheios e melhores, mais humanos, enquanto afloram ao nosso coração os mais belos sentimentos de solidariedade, caridade e amor.
Os trabalhos desobsessivos são visivelmente úteis aos participantes do plano físico e são também muito valiosos para os desencarnados. André Luiz relata que um número muito grande de criaturas, ao abandonar a veste carnal, mostram-se inconformadas com a nova situação que enfrentam e são tomadas de mórbida saudade do ambiente terrestre, ansiando a todo custo pelo contato com as pessoas encarnadas, de cujo calor humano sentem falta. A sala onde se realizam os trabalhos mediúnicos representa para tais seres a possibilidade de entrarem em contato com os que ainda estão na Terra e de receber destes as vibrações magnéticas de que carecem.
Nunca será demais enfatizar-se a seriedade de que se deve revestir um labor dessa natureza. Ele não é um trabalho para principiantes, visto que exige dos participantes a exata noção da gravidade dos momentos que ali serão vividos e que estejam preparados, através de um longo período de adestramento, a fim de corresponderem às expectativas do Alto da melhor maneira possível. Por isto é que jamais devem ser abertos ao público.
A sala reservada para tais atividades foi comparada por André Luiz a uma sala cirúrgica, que requer isolamento, respeito, silêncio e assepsia, onde só entram os que se prepararam antecipadamente. Como também é isolada de olhares indiscretos e curiosos. Assim acontece no abençoado ministério da desobsessão. Lembremo-nos sempre de que os que ali aportam para receber atendimento, são seres humanos como nós, apenas desligados da máquina fisiológica, e que comparecem para falar de suas dores, problemas íntimos e pessoais. É, portanto, um trabalho da maior gravidade, onde um irmão vem expor as suas chagas morais, devendo todos os presentes estarem imbuídos de toda a seriedade e respeito e, fundamentalmente, predispostos a doar amor.
Oração e jejum
“Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum.” – Jesus (Marcos, 9:29.)
“Oração e jejum” são os cuidados básicos a serem observados pelos lidadores da desobsessão.
Que preparo maior que esse recomendado pelo Divino Amigo?
Jejum das paixões, dos vícios, de tudo o que é sombra em nos e ao redor de nós.
Jejum e oração! Quando houvermos conseguido atingir a plenitude desses ensinamentos, conosco ter-se-á reabilitado toda a Humanidade!
É fundamental que esteja ciente de suas responsabilidades, já que esse labor requer especialização. É um conjunto de requisitos, entre os quais: integração no Centro Espírita onde se vincula, estudo metódico e progressivo da Doutrina, larga experiência em trabalhos mediúnicos e, sobretudo, como recomenda Kardec, inquebrantável esforço pela sua transformação moral. Empenho em modificar-se momento a momento, vencendo as suas más tendências e que tenha incorporado à sua vivência o lema: “Fora da caridade não há salvação”. É enfim, alguém devotado às coisas elevadas e que está conseguindo de desligar dos interesses imediatistas do mundo.
Para os tarefeiros da reunião de desobsessão é fundamental a renovação. Quem se dispuser a essa tarefa de tão grande envergadura terá ensejos maravilhosos de comungar com os Benfeitores Espirituais. A verdadeira alegria, a que nasce no espírito e que representa o alimento mais puro de que todos carecemos: o Bem, o Amor. E terá a Paz que Jesus prometeu àqueles que se disponham a segui-lo.
Os Espíritos Amigos concitam-nos a que nos preparemos cotidianamente para os trabalhos. Para que permaneçamos vigilantes.
Preparação dos encarnados para as tarefas da caridade é, assim, o programa de vida do verdadeiro espírita.
É o jejum recomendado pelo Mestre, aliado à oração, que representa a sintonia imprescindível com o Alto. Oração que nos fortalecerá para resistirmos aos embates e às investidas das trevas.
Oração – sintonia com os Planos Superiores.
Jejum – abstenção e superação dos vícios.
Programação para todo espírita. Preparação permanente para aqueles que trabalham nas lides desobsessivas. Programa de regeneração para todos os seres humanos, encarnados e desencarnados.
Equipe da Desobsessão
“Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for.” (O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 331.)
O ministério da desobsessão só deve ser realizado em equipe. Por maior que seja a proteção espiritual que mereça, por melhor boa-vontade que demonstre, não estará suficientemente embasada, estruturada para enfrentar aquelas outras equipes: as dos obsessores, que as formam também no intuito de se fortalecer e que usam de mil artifícios e sutilizas para desanimar, enganar e afugentar os que vêm em socorro às suas vítimas.
Somente equipes especializadas é que devem entregar-se a esse ministério.
Kardec relaciona alguns requisitos para as reuniões destinadas à assistência dos bons Espíritos e que valem, igualmente, para as sessões de desobsessão. Resumindo-os são:
-perfeita comunhão de vistas e sentimentos;
-cordialidade recíproca entre os membros;
-ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;
-um único desejo: o de se instruírem e melhorarem;
-exclusão de toda curiosidade;
-reconhecimento e silêncio respeitosos, durante as confabulações com os Espíritos;
-união de pensamentos;
-que os médiuns trabalhem com isenção de todo o sentimento de orgulho, amor-próprio e supremacia e sim com o desejo de serem úteis.
A estas condições aduzimos, com Manoel Philomeno de Miranda:
-conduta moral, imprescindível a que as emanações psíquicas equilibradas, elevadas, “possam constituir plasma de sustentação daqueles que, em intercâmbio, necessitam dos valiosos recursos de vitalização para o êxito do tentame”;
-conhecimento doutrinário;
-equilíbrio interior dos médiuns e doutrinadores;
-confiança, disposição física e moral;
-médiuns adestrados, disciplinados;
-pontualidade e perseverança.
A equipe de encarnados tem assim suas funções específicas e de grande responsabilidade, mas, ela se submete, a seu turno, àquela outra equipe, a espiritual, que é em verdade a que dirige e orienta os trabalhos em todo o seu desenrolar.
Esta equipe, formada por grande número de trabalhadores, submete-se à direção de um Mentor ou Instrutor Espiritual, o qual responde por todas as atividades programadas pelos dois grupos: o de encarnados e o de desencarnados, sendo que o programa estabelecido pela equipe do plano físico depende, para sua execução, da aquiescência e permissão do Mentor Espiritual.
Sabemos que é muito difícil uma harmonia total entre as equipes. Em geral, os Benfeitores recebem de nós, os encarnados, um desempenho bem diferente, já que poucos conseguem atender aos requisitos que eles aguardam. Dão-nos eles, então, demonstrações de elevada compreensão, tolerando nossos desvios e abusos, omissões e indisciplinas.
O dirigente
O dirigente da reunião é aquele que preside os trabalhos, encaminhando todo o seu desenrolar. É o responsável, no plano terrestre pela reunião. É uma pessoa que conhece profundamente a Doutrina Espírita e, que viva os seus postulados, obtendo assim a autoridade moral imprescindível aos labores dessa ordem.
Diz-nos Kardec que a verdadeira superioridade é a moral e é esta que os Espíritos realmente respeitam. É ela que irá infundir nos integrantes da equipe a certeza de uma direção segura e equilibrada. É preciso ser alguém em quem o grupo confie. Ele é o representante da direção existente na Espiritualidade, o pólo catalisador da confiança e da boa-vontade de todos.
O doutrinador
Esclarecer, em reunião de desobsessão, é clarear o raciocínio; é levar uma entidade desencarnada, através de uma série de reflexões, a entender determinado problema que ela traz consigo e que não consegue resolver; ou fazê-la
compreender que as suas atitudes representam um problema para terceiros, com agravantes para ela mesma. É levá-la a modificar conceitos errôneos, distorcidos e cristalizados, por meio de uma lógica clara, concisa, com base na Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor. É uma das mais belas tarefas na reunião de desobsessão e que requer prudência, discernimento e diplomacia.
As palavras são como setas arremessadas, que poderão ser danosas ou benéficas, dependendo do sentimento de quem as projeta. As primeiras ferem, causam distúrbios, destroem e podem acordar sentimentos de revide, com igual teor vibratório. As segundas, vibrando na luz do amor, penetram na alma como bênçãos gratificantes, produzindo reflexos de claridade que se identificarão como o emissor. Para sentir aquilo que diz, é essencial ao doutrinador uma vivência que se enquadre nos princípios que procura transmitir.
Outro cuidado que o doutrinador deve ter durante o diálogo é o de dosar a verdade, para não prejudicar o Espírito que veio em busca de socorro.
A ação dos médiuns
O médium, desde os instantes iniciais de sua trajetória na seara mediúnica espírita, aprende que a prática dessa faculdade exigirá dele esforço e dedicação, estudo metódico e constante do Espiritismo, perseverança e disciplina e muita vontade de se renovar, de se transformar, para o que deverá também aliar o trabalho da caridade aos requisitos mencionados.
Somando esforços e experiências, empenhando-se profunda e sinceramente neste mister, cônscio de sua responsabilidade, irá aos poucos conseguindo educar e desenvolver a sua faculdade. No trabalho incessante, adquirirá a imprescindível prática, que muito o ajudará no bom desempenho das tarefas a que for chamado a desincumbir. É o ministério da desobsessão, um dos mais importantes campos da mediunidade. Engloba todas as atividades da caridade e do amor ao próximo que podemos auferir das faculdades medianímicas.
O médium Obsedado
Todo obsedado é médium. Isto não significa que ele deve desenvolver a sua faculdade. Na maior parte das vezes é exatamente o que ele não deve fazer. Antes de mais nada, requer um tratamento espiritual, orientado pela doutrina Espírita e condizente com o seu estado.
André Luiz esclarece: “O Obsedado, porém, acima de médium de energias perturbadas, é quase sempre um enfermo, representado uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano.” Ele ainda nos adverte ser indispensável que, “antes de tudo, desenvolva recursos pessoais no próprio reajuste”, lembrando que “não se constroem paredes sólidas em bases inseguras”.
Deve-se tratá-lo com os recursos que o Espiritismo oferece, não se dispensando o tratamento médico que o caso requeira e atentos a que, em muitas situações, os desajustes espirituais refletem-se no corpo físico, lesando-o. Enfatizamos esta necessidade, lembrando que a Doutrina Espírita não veio para substituir a Medicina terrestre, nem os médiuns pretendem a tarefa que compete aos médicos. A finalidade maior do Consolador é a cura das almas.
Ação do mundo espiritual
Quando nós, encarnados, chegamos à reunião mediúnica já o ambiente espiritual está preparado, de acordo com as tarefas programadas.
A sala de passe por rigorosa assepsia, visando defendê-la das larvas psíquicas criadas pelas emissões mentais negativas e desequilibradas dos obsessores e enfermos espirituais.
Os Espíritos que irão comunicar-se são trazidos ao recinto e permanecem dentro do círculo magnético formado para mantê-los não só na faixa vibratória mais próxima dos participantes da esfera física, como também no intuito de retê-los, para que recebam os benefícios possíveis em cada caso.
Todos os que forem escalados para a comunicação recebem tratamento especial visando diminuir ou atenuar os efeitos dos fluidos pesados, grosseiros, que emitem. Assim, são-lhes fornecidos fluidos magnéticos que os fortalecerão, enquanto que servirão também de defesas contra as vibrações desequilibradas dos obsessores e sofredores.
A ação dos trabalhadores da Espiritualidade é feita de maneira muito prática, visando sempre a auxiliar maior número possível de sofredores.
Ao comunicar-se, quase sempre o Espírito é como que o representante de um número bem grande de outros em idênticas condições. Não podendo e nem necessitando manifestarem-se todos, um é designado para isso. Os demais companheiros em problemas e sofrimentos beneficiam-se ouvindo as palavras do doutrinador, e igualmente recebem as vibrações amorosas dos presentes.
O sono durante as reuniões
Sentir sono durante as reuniões de desobsessão pode ser, às vezes, conseqüência de fadiga física. Mas também pode ser provocado pela aproximação de certas entidades desejosas de perturbar o bom andamento dos trabalhos.
Muitas pessoas adormecem não só quando estão em reunião mediúnica, mas também em palestras e outras atividades que exigem um mínimo de esforço mental. Manoel Philomeno de Miranda adverte-nos de que tal sono pode ser conseqüência de hipnose espiritual inferior, provocada por Espíritos que tentam impedir o nosso progresso através do trabalho no bem e do estudo que nos esclareça.
O transcurso das reuniões de desobsessão
“Não se esqueça de que toda visita espiritual é muito importante, recordando que, no socorro prestado por nós a quem sofre, estamos recebendo da vida o socorro que nos é necessário, a erguer-se em nós por ensinamento valioso, que devemos assimilar, na regeneração ou na elevação de nosso próprio destino.” – André Luiz
Em linhas gerais é este o desenrolar de uma reunião de desobsessão:
1-leitura – na hora aprazada, deve-se efetuar uma leitura preparatória para a harmonização de pensamentos. “O evangelho segundo o Espiritismo” é geralmente o livro mais indicado. Após a leitura devem tecer ligeiros comentários sobre o trecho lido, por no máximo 15 minutos.
2-Prece – O dirigente fará em seguida a prece inicial, não devendo ser longa, mas simples e concisa, eis que é o apelo que dirigimos a Deus e a Jesus para que abençoem o trabalho que vai se iniciar.
3 – Comunicação do Mentor – O mentor comunicar-se-á para as imprescindíveis orientações. Geralmente o que ocorre são as manifestações das criaturas que necessitam de esclarecimentos.
4 – Comunicações psicofônicas dos Espíritos que necessitam de esclarecimentos. Os médiuns darão passividade, um de cada vez, preferentemente.
5 – Comunicações psicográficas – Havendo médiuns dessa especialidade, as comunicações virão espontaneamente.
6 – Comunicações de Benfeitores Espirituais. E geral, finalizando as tarefas, um ou mais amigos Espirituais trazem a sua mensagem de conforto e ensinamento.
7 – Passes. Os médiuns passistas aplicarão os passes naqueles que necessitarem.
8 – Prece de encerramento. O dirigente ou alguém a seu pedido fará a prece final.
9 – Avaliação dos trabalhos e leituras das mensagens psicográficas. O dirigente pede a um por um dos presentes que em breves e sucintas palavras analise e opine sobre os trabalhos. Reside aqui como o momento de muita importância para o aperfeiçoamento da equipe.
Tipos de Espíritos comunicantes
Esta classificação se baseia no modo como os Espíritos se apresentam nas reuniões de desobsessão e refere-se apenas aos Espíritos obsessores e necessitados.
-Espíritos que não conseguem falar – são muito comuns, pode ser resultante de problemas mentais, em virtude de ódio que se consomem, pode ser reflexos de doenças que eram portadores antes da desencarnação e até pelo simples fato de não deixar transparecer o que pensam.
-Espíritos que desconhecem a própria situação – Não tem consciência de que estão no plano espiritual. Não sabem que morreram e sentem-se imantados aos locais onde viveram.
-Espíritos suicidas – são seres que sofrem intensamente, às vezes estão enlouquecidos pelas alucinações que padecem.
-Espíritos alcoólatras e toxicômanos – Quase sempre se apresentam pendido, suplicando ou exigindo que lhes dêem aquilo de que tanto sentem falta.
-Espíritos que desejam tomar o tempo da reunião – Vêm com a idéia de ocupar o tempo dos trabalhos e assim perturbarem o seu desenrolar.
-Espíritos irônicos – São difíceis para o diálogo, ferem o doutrinador e os participantes, usam a ironia como agressão.
-Espíritos desafiantes – Desafiam-nos, julgam-se fortes, invulneráveis e utilizam-se desse recurso para amedrontar.
- Espíritos descrentes – São insensíveis a qualquer sentimento, descrêem de tudo e de todos.
- Espíritos dementados – Não tem consciência de coisa alguma, sua fala não apresenta lógica, apresentam idéia fixa em determinada ocorrência.
- Espíritos amedrontados – Se dizem perseguidos e tentam se esconder de seus perseguidores.
- Espíritos que auxiliam os obsessores – São comuns nas reuniões, às vezes dizem abertamente o que fazem e que tem um chefe. É preciso dizer-lhes que ninguém é chefe de ninguém e que o único chefe é Jesus.
- Espíritos vingativos – são aqueles obsessores que por vingança, se vinculam a determinadas criaturas.
- Espíritos ligados a trabalhos de magia, terreiro, etc – vez que outra surgem como entidades ligadas aos trabalhos de magia, despachos, etc. Podem estar vinculados algum nome.
- Espíritos sofredores – são os que apresentam ainda os sofrimentos da desencarnação ou do mal que os vitimou.
Ação dos obsessores contra os grupos espíritas
São as ações desencadeadas pelas criaturas que tem interesse em prosseguir usufruindo dos vícios e do consideram prazeres, grande multidão de Espíritos tudo faz para impedir qualquer esforço que vise libertar o ser humano da
inferioridade. Por meio dos encarnados tem a possibilidade de sustentar o intercâmbio de energias desequilibrantes. Lutam para manter as posições conquistadas junto aos homens, como também se empenham em impedir-lhes a renovação para o bem.
A DESOBSESSÃO NATURAL
Profilaxia das obsessões
É o conjunto de medidas preventivas que evitem o aparecimento de doenças. Sendo a obsessão uma doença da alma, a profilaxia é de vital importância. Existe a obsessão porque existe inferioridade em nós.
O atual estágio evolutivo do nosso planeta denota a precariedade das condições espirituais do homem.
Assim, a única profilaxia eficaz contra a obsessão é a do Evangelho. É praticar o bem e ser bom.
O antídoto
“através do Evangelho, entretanto, encontramos o antídoto eficiente conta a sua proliferação: o amor! ...” – Eurípedes Barsanulfo.
Realmente o amor, tal como o Cristo ensinou é o único antídoto conta esse mal que grassa de maneira tão avassaladora: a obsessão.
Assim como o corpo necessita respirar, alimentar-se e repousar, a necessidade primordial do Espírito é o AMOR, para se ver curado das enfermidades que o prejudicam. Somente um amor desse quilate conseguirá unir obsessores e obsedados, terminando com as vinditas, com os sofrimentos e as dívidas.
O Espiritismo veio conclamar-nos ao amor. Veio relembrar aos homens o real significado desse sentimento sublimado que o Evangelho exprime.
A desobsessão Natural
“Aquele que encontrou Jesus já começou o processo de libertação interior e de desobsessão natural.” – Euripedes Barsanulfo.
Encontrar Jesus! Tal como Paulo de Tarso e Eurípedes Barsanulfo O encontraram.
Encontrar Jesus significa libertação. Libertação do passado, dos erros que nos aprisionam como pesadas grilhetas. Libertação de nós mesmo.
Encontrar Jesus, realmente, significará mudança radical na intimidade do nosso ser. Será a reforma interior definitiva, o nascimento de um novo, que veio finalmente à luz daquele que é a Luz do Mundo.
Essa, conforme afirma Eurípedes, a desobsessão natural.
Bem poucos o encontraram em plenitude. A maioria de nós o está buscando.
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OBSESSÃO E DESOBSESSÃO – Profilaxia e Terapêutica Espíritas – Suely Caldas Schubert.
Assunto pesquisado por Renato Mattos
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