O Centro Espírita é a escola da alma que visa à renovação do homem, porque é em seu interior que temos infinitas oportunidades de servir ao próximo e, ao mesmo tempo, uma excepcional abertura de nossa mente para captar a evolução espiritual de que necessitamos. A maioria dos Centros Espíritas desenvolve suas atividades através de quatro departamentos: Departamento de Assistência Espiritual, Departamento de Ensino Doutrinário; Departamento de Infância, Juventude e Mocidade e Departamento de Assistência Social.
O Centro tem por fim o homem espiritual, preparando-o para ser um homem de bem, colocando a Doutrina Espírita ao seu alcance. Cabe ao Centro oferecer o estudo sistematizado da Doutrina e do Evangelho, a evangelização da criança, a integração dos jovens, o estudo e desenvolvimento da mediunidade, o atendimento fraterno e a implantação do Evangelho no lar. As sessões espíritas podem ser vistas sob dois ângulos: prioritárias e secundárias. As sessões prioritárias dizem respeito ao estudo e aprendizado da Doutrina. São os cursos, as palestras e as preleções. As secundárias dizem respeito à Assistência Espiritual, à Assistência Social e às Sessões de Desenvolvimento Mediúnico.
Também é função do Centro Espírita auxiliar com ajuda material àqueles mais necessitados concomitantemente com a ajuda espiritual, objetivando minimizar os problemas sociais e o sofrimento dos menos afortunados. Porém o que temos que ter em mente é que na tarefa espírita, a meta é a evangelização da pessoa, as demais atividades são os meios para que isso se realize.
Costumamos freqüentar o Centro Espírita durante anos sem nos darmos conta dos aspectos mais profundos da sua importância, pois o vemos apenas como o local onde vamos buscar ajuda, consolo, amparo e esclarecimento, e onde se tem um bom ambiente espiritual, apropriado para as reuniões espíritas. Não nos damos conta de toda a complexa estrutura espiritual que mantém uma sede de atividades espíritas, no âmbito dos encarnados, para que ela possa atuar nos dois planos da vida.
Alicerces espirituais
O Centro Espírita é muito mais do que a casa física. Transcende às paredes, aos muros que o circundam e ao teto que o cobre. Em verdade, o Centro Espírita é um complexo espiritual em que se trabalham nos dois planos da vida, a física e a extrafísica, e com as duas humanidades, a dos encarnados e a dos Espíritos desencarnados.
Em razão disso, as providências e cuidados da Espiritualidade Maior são imensos quanto ao planejamento e a organização de uma instituição espírita.
Já sabemos que os planos espirituais antecedem as dos encarnados, por isso é comum ouvirmos dizer que, quando se pensa e projeta uma obra espírita, ela esta já estava edificada na Espiritualidade. O que é real e verdadeiro.
Os alicerces espirituais, portanto, são “levantados” bem antes, servindo de modelo para a obra que se pretende edificar no plano terreno.
O Centro Espírita não é a casa, mas, sim, o trabalho que ali se desenvolve, o ambiente que se cultiva e preserva, a organização que o orienta e assessora, os objetivos e finalidades que o norteiam, o ideal e o sentimento com que o conduzem. Por isso a obra espírita põe de lado o luxo e o supérfluo para atender à simplicidade e ao conforto que a tornem acolhedora. As suas bases, os seus alicerces espirituais assim argamassados farão com que a obra se erga firme na Terra e permaneça de pé vencendo as tormentas e vicissitudes humanas.
A direção espiritual
Os planos iniciais para a fundação de um Centro Espírita ocorrem na Espiritualidade com antecedência de muitos anos, quando a equipe espiritual assume a responsabilidade de orientar e assessorar as futuras atividades que ali serão desenvolvidas. Isto é feito em sintonia com aqueles que irão reencarnar com tais programações. Para chegar-se a estabelecer esses compromissos são estudadas as fichas cármicas daqueles que estarão à frente da obra no plano material, convites são feitos, planos são delineados e projetados para o futuro.
Não podemos nos esquecer que aqueles que se reúnem para um labor dessa ordem não o fazem por casualidade. Existem planos da Espiritualidade que antecedem, portanto, à reencarnação dos que irão trabalhar no plano físico.
O projeto visa essencialmente a atender aos encarnados, pois através desse labor são concedidas oportunidades de crescimento espiritual, de resgate; reencontros de almas afins, de companheiros do passado ou desafetos no caminho da tolerância e do perdão.
Os recursos magnéticos de defesa
Vejamos como Manoel Philomeno de Miranda explica quais as providências adotadas com relação à fundação de um Centro Espírita chamado Francisco Xavier:
“(...) antes mesmo que se definissem os planos da edificação material da Casa, foram tomadas medidas no que dizia respeito aos contingentes magnéticos no local e outras providências especiais.
Ergueu-se, posteriormente, o Núcleo, em cuja construção se observaram os cuidados de zelar pela aeração, conforto sem excesso, preservando- se a simplicidade e a total ausência de objetos e enfeites que não os mínimos indispensáveis móveis e utensílios para o seu funcionamento...
Todavia, nos respectivos departamentos reservados à câmara de passes, recinto mediúnico e sala de exposições doutrinárias, foram providenciadas aparelhagens complexas e com finalidades específicas, para cada mister apropriadas, no plano espiritual.”
Esses recursos magnéticos constituem as defesas espirituais de um Centro Espírita fiel aos princípios da Codificação Kardequiana, conforme as circunstâncias o exigem.
A sala de exposição doutrinária
Toda Casa Espírita tem o seu espaço destinado à realização de reuniões públicas, onde os expositores abordam estudos e palestras doutrinárias, especialmente das obras que constituem a Codificação Kardequiana.
Este recinto recebe da Espiritualidade o cuidado compatível com a importância das tarefas ali desenvolvidas. Espíritos especializados magnetizam o ambiente e o preservam e renovam constantemente, propiciando uma psicosfera salutar, como informa Manoel Philomeno de Miranda.
São instaladas defesas magnéticas que impedem a entrada de entidades desencarnadas hostis e malfeitoras, assim, só entram aqueles que obtêm permissão.
Tais cuidados são imprescindíveis em razão da natureza do trabalho que os Centros realizam. Sendo um local para onde convergem pessoas portadoras de mediunidade em fase inicial ou em desequilíbrio ou, ainda, obsidiados de todos os matizes, é fácil concluir que se não houvesse tais cautelas do Plano Espiritual, graves problemas poderiam surgir decorrentes do ambiente espiritual e da presença de sensitivos não equilibrados.
Imaginemos, por um instante, a ambiência desta sala, com relação aos encarnados presentes: a grande maioria comparece ao Centro impelida pelos seus problemas e sofrimentos. Quando chegam estão aflitos, cansados, desesperados e, não raro, com idéias de suicídio ou outros tipos de pensamentos extremamente negativos. Trazem o pensamento no drama em que vivem. Vibrando em desarmonia a quase totalidade dessas criaturas estão ligadas a desafetos do passado ou a entidades, igualmente em desequilíbrio, que por sua vez, as envolvem em fluidos perniciosos. Várias trazem o pensamento fixo em determinada idéia negativa, como por exemplo, no remorso de atos cometidos etc. Diversas estão magoadas, sofridas, ulceradas interiormente e sem forças de seguir em frente. Outras estão perdidas em si mesmas, sem saber qual o sentido da vida e que rumo tomar. Muitas esperam milagres que as libertem de imediato de seus problemas e umas poucas chegam por curiosidade ou desejosas de conhecer melhor o que é o Espiritismo. Mas todas essas pessoas têm um denominador comum: a esperança.
Esse conjunto de vibrações desarmônicas e a os desencarnados que gravitam ao seu redor – todos interessados em atrapalhar tudo aquilo que pode significar libertação para suas vítimas - no caso a palavra esclarecedora da Doutrina – por certo afetariam os médiuns presentes ainda não equilibrados, não fossem os cuidados e vigilância dos Benfeitores Espirituais.
Há ainda outro ponto a considerar: é que sendo um local de tratamento das almas enfermas, que somos quase todos nós, é imprescindível que os recursos do “laboratório do mundo invisível” sejam mobilizados e acionados para o atendimento espiritual.
Os Espíritos especializados fazem, portanto, a triagem dos desencarnados que irão entrar, sempre visando os que estão em condições de ser beneficiados, mas outros são momentaneamente afastados de suas vítimas enquanto estas permanecem no Centro. Em decorrência, grande é o número de entidades que ficam postadas do lado de fora da Casa, como que aguardando permissão para entrar ou interessados em achar alguma brecha nas defesas magnéticas com o intuito de causarem perturbações. Mesmo estes não ficam sem a ajuda do Alto, pois do lado de fora do centro é instalada uma aparelhagem especial que transmite a palavra dos expositores amplificando-lhes a voz.
No transcurso da exposição doutrinária grande amparo é prestado ao público. Equipes especializadas atendem aos que apresentarem condições espirituais-mentais favoráveis, receptivas, medicando-os e, até mesmo, realizando cirurgias espirituais.
Por outro lado, a aproximação de entidades benfeitoras junto aos encarnados torna-se mais fácil pela natureza do ambiente e por estarem estes com o pensamento voltado para os ensinos clarificadores da Doutrina, o que lhes modifica, temporariamente, os panoramas mentais, favorecendo o otimismo e a renovação interior. Concomitantemente, os “espíritos arquitetos”, muitas vezes, utilizam dos recursos dos painéis fluídicos (cenas da vida das pessoas que surgem na mente) que “dão vida” aos comentários do expositor, favorecendo o entendimento dos desencarnados presentes. Isto, aliás, acontece em palestras sempre que o ambiente favoreça.
Toda essa programação, porém, só se realizará se o Centro Espírita tiver o seu ambiente preservado de quaisquer frivolidades e mercantilismo; de intrigas e personalismo; se ali se cultivar a conversação sadia e edificante; se naquele local se praticar a verdadeira caridade e o estudo sério, e onde as principais metas sejam esclarecer, aliviar e consolar as almas que por ali aportarem, colocando-se assim à altura da proteção dos Espíritos Superiores.
O ambiente espiritual da reunião mediúnica
Os cuidados dos Espíritos que se dedicam à preservação do ambiente espiritual da sala onde são realizados os trabalhos mediúnicos são constantes e intensos, pois nada pode ser negligenciado, sob pena de comprometer-se o êxito da reunião.
O local destinado à sessão mediúnica tem, uma fiscalização permanente, pois, principalmente no caso do recinto consagrado às sessões de desobsessão, muitos Espíritos necessitados e sofredores ficam aí alojados, em regime de tratamento para seu refazimento e reequilíbrio.
No dia da reunião o recinto passa por rigorosa limpeza a fim de livrá-lo e preservá-lo de larvas psíquicas (que são criadas por mentes viciosas de encarnados ou desencarnados); de ideoplastias perniciosas (formas-pensamento, clichês mentais); de vibrações deprimentes, constituindo tudo isso os “invasores das regiões inferiores”. Importante ressaltar que tais “invasores microbicidas” contaminam o homem invigilante que apresente, por sua vez, pensamentos doentios, descontrolados, que são verdadeiras brechas ao assédio inferior, resultando daí a parasitose mental, ou vampirismo.
A sala mediúnica é o “ambiente cirúrgico para realizações de longo curso no cerne do perispírito dos encarnados como dos desencarnados”, como também local onde “se anulam fixações mentais que produzem danos profundos nas tecelagens sensíveis do espírito.”
Além disso, há necessidade de se isolar e defender o recinto das investidas de Espíritos inferiores, o que leva os Benfeitores Espirituais a cercá-lo por meio de faixas fluídicas visando impedir a entrada de tais entidades. Assim, só entrarão no ambiente aqueles que tiverem permissão dos dirigentes espirituais.
A sala mediúnica, sendo limitada no seu espaço físico, no outro plano apresenta-se adimensional, já que se amplia de acordo com a necessidade, permitindo abrigar um número muito grande de desencarnados que são trazidos para tratamento, para esclarecimento, para aprendizagem etc. Tem ainda mobiliário próprio e aparelhagens instaladas pela equipe espiritual. Esta equipe conta com elementos especializados que têm a seu encargo a tarefa complexa de criar os quadros fluídicos indispensáveis ao tratamento ou esclarecimento das entidades comunicantes. Esses quadros fluídicos não são criados ao sabor do acaso mas obedecem a uma programação e à pesquisa sobre o passado dos que precisem desse recurso. Tais painéis fluídicos são tão perfeitos que possuem “vida” momentânea, com movimentos, cor, como se fossem uma tela cinematográfica na qual as personagens são pessoas ligadas ao manifestante, ou ele mesmo se vê vivendo cenas importantes em sua existência de Espírito imortal. Seria como mostrar ao espírito que veio em busca de auxílio uma cena de sua vida, alguma lembrança, para que seu coração seja tocado e assim, mais facilmente se permita ser ajudado.
E dizer que com a nossa invigilância podemos prejudicar toda essa estrutura! Isto acontece quando comparecemos despreparados para a reunião, trazendo vibrações negativas, desequilibrantes; quando trazemos o pensamento viciado e contaminamos o recinto cuidadosamente preparado. Nesta hora, os tarefeiros da Espiritualidade usam recursos de emergência, isolando o faltoso, para que a maioria não seja prejudicada. Em caso mais grave, porém, poderá ocorrer um desequilíbrio nos circuitos vibratórios que defendem a sessão, o que possibilitará a entrada de Espíritos perturbadores e conseqüente prejuízo para os trabalhos e os participantes.
Como vemos, integrar uma equipe mediúnica é um encargo de grande responsabilidade. Importa considerar que somente as reuniões mediúnicas sérias merecerão dos Benfeitores Espirituais todo esse cuidadoso preparo mencionado.
Se os encarnados corresponderem, o grupo mediúnico crescerá em produtividade sob a chancela de Espíritos bondosos. Em caso oposto, a reunião nada produzirá de positivo, tornando-se presa fácil paras Espíritos inferiores.
A opção é nossa, dos encarnados. Os Amigos Espirituais estão sempre dispostos a secundar os nossos melhores esforços. São eles que traçam as diretrizes dos trabalhos mediúnicos; que na realidade dirigem as atividades, mas ficam na dependência de nossa cooperação, pois uma sessão para a prática da mediunidade somente existe com o concurso dos dois planos da vida. Se estivermos receptivos às orientações e apresentarmos por nosso lado um esforço de iniciativas identificadas com os seus propósitos, as duas equipes – a espiritual e a dos encarnados – tornar-se-ão homogêneas e o grupo vibrando no mesmo Amor atenderá com sucesso aos irmãos que ainda jazem na ignorância e no mal.
A sala de passes
O recinto destinado aos passes apresenta características próprias, em virtude do trabalho ali realizado. Sendo local de atendimento ao público é natural que este interfira na ambiência. Entretanto, como se pode deduzir, a grande maioria das pessoas que buscam o socorro do passe o fazem imbuídas dos melhores sentimentos, é o que informa Áulus, instrutor espiritual de André Luiz. Referindo-se à sala de passes, esclarece estarem ali reunidas “(...) sublimadas emanações mentais da maioria de quantos se valem do socorro magnético, tomados de amor e confiança”. Estas vibrações permanecem no ambiente e se acumulam, a tal ponto que, no dizer de Áulus, criam uma atmosfera especial formada “(...) pelos pensamentos, preces e aspirações de quantos nos procuram trazendo o melhor de si mesmos”. Esse conjunto vibratório surpreendeu André Luiz, quando este observou uma sala de passes, pelo “ambiente balsâmico e luminoso” que apresentava.
Tal como acontece com a sala mediúnica, o recinto destinado a essa atividade recebe dos Espíritos especializados a limpeza e as defesas magnéticas imprescindíveis à manutenção e preservação do ambiente.
Quanto ao atendimento aos enfermos, o autor espiritual explica que há um “quadro de auxiliares, de acordo com a organização estabelecida pelos mentores da Esfera Superior”, enfatizando que para o bom êxito do labor de passes há que se observar: experiência, horário, segurança e responsabilidade daquele que serve.
No momento dos passes é possível a alguns médiuns videntes assistam a intensa movimentação dos Benfeitores, que se utilizam de aparelhagens especiais adequadas aos enfermos presentes.
A organização do Mundo Espiritual é, pois, exemplar. Nós, os encarnados, é que deixamos muito a desejar com as nossas falhas costumeiras, que vão desde a invigilância em nosso cotidiano até a freqüência irregular, o que por certo prejudica os trabalhos.
É fundamental, portanto, que haja uma conscientização, de nossa parte, da grandeza e complexidade dos labores espirituais, a fim de participarmos de modo mais eficiente e produtivo. Que isso não seja, porém, um fator que leve ao misticismo (mas sim à responsabilidade) e que venha a influir ou modificar a nossa conduta no instante do passe ou no ministério mediúnico. Embora o trabalho que se desenvolve “do outro lado” seja complexo, a nossa participação deve ser a mais simples possível, permeada, contudo, do mais acendrado sentimento de amor ao próximo.
Que nos lembremos sempre que para exercermos tais atividades a nossa preparação é toda, principalmente, interior. É no nosso mundo íntimo que devemos laborar. É a nossa transformação para melhor a cada momento.
Assim, não é a cor do vestuário nosso ou do paciente, a nossa gesticulação ou a sala ser azul ou branca que irão influir na qualidade da transmissão energética no instante dos passes, mas sim, a nossa mente impulsionando e direcionando essas energias fluídicas, o nosso desejo de servir, a nossa capacidade de ser solidário com aquele que ali está e de amá-lo como a um irmão. Por isso, a simplicidade deve ser a tônica no momento do passe, já que este é, essencialmente, um ato de amor. E o amor é simples, desataviado e puro, tal como exemplificou Jesus.
CONCLUINDO, a causa espírita é o fim e a Casa Espírita é o meio.
É fundamental estarmos conscientes da imensa responsabilidade que assumimos quando da fundação de uma instituição espírita; não podemos esquecer que responderemos por tudo o que fizermos perante Jesus e a Espiritualidade Maior e, sobretudo, diante de nossa consciência.
A palavra deste trabalho é ESPERANÇA.
A esperança é um mecanismo que mantém o ser humano lutando para viver, planejar e construir. As pessoas buscam os Centros Espíritas com a ESPERANÇA de melhorar sua condição física, emocional e espiritual, já que o Espiritismo é o grande Consolador revelado.
Porém devemos sempre lembrar que o consolador veio para consolar, mas a sua consolação não é uma consolação sem esforço. É um trabalho árduo, que depende de nossa atuação na presente encarnação. Só depende de nós transformarmos nossa esperança em realidade.
Assunto Pesquisado por Claudia Martinelli
A simplicidade é o caminho da esperança!
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